O “empata” do Panamá

De há uns dias a esta parte, um "empata" de quase meio quilómetro de comprimento, carregado de milhares de contentores, esbarrou nas duas paredes e atravessou-se bloqueando a passagem de um canal artificialmente criado, com 77 quilómetros de extensão.

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  • 16:45 | Domingo, 28 de Março de 2021
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Lembro-me de “O Alfaiate do Panamá”, do John Le Carré e das aventuras de Harry Pendel, Andrew Osnard e outros, na época em os EUA tinham tomado o Canal do Panamá, numa estranha e ingerente jogada da habitual suja política, em Dezembro de 1999.

De há uns dias a esta parte, um “empata” de quase meio quilómetro de comprimento, carregado de milhares de contentores, esbarrou nas duas paredes e atravessou-se bloqueando a passagem de um canal artificialmente criado, com 77 quilómetros de extensão.


Incapazes de e para já darem resposta ao “acidente”, dos dois lados têm-se acumulado centenas de embarcações, ali apanhadas imprevistamente de surpresa.

Em alguns dos carregadores vivem-se já situações irreversíveis pelos produtos perecíveis que transportavam, alguns com cargas de animais que estão a morrer vítimas do intenso calor suportado.

Além disso, neste estranho mundo global, o bloqueio impensável feito por um cargueiro, accionou as luzes vermelhas em todas as bolsas mundiais, com consequências assaz funestas, uma delas a subida do preço do crude com consequente disparo dos combustíveis e subidas de todos os produtos deles dependentes no mercado mundial.

A questão que se coloca é esta: como é tal acidente possível nos dias que correm, com a tecnologia existente e a capacidade previsional meteorológica ao dispor?

Mesmo nas condições mais adversas, tudo deveria estar salvaguardado para evitar deixar a economia mundial refém da “imprevidente” navegação de um capitão da marinha mercante.

O Compadre Zacarias, alarmista e conspirativo, já adiantou tal ter sido uma manobra política japonesa, nacionalidade do “EverGreeen”, da empresa Shoei Kisen Kaisha. Mas claro, o Compadre Zacarias tem uma visão apocalíptica do mundo, onde tudo se move nas sombrias sendas de estranhíssimas conjuras do iluminado maligno…

 

(Fotos DR)

 

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