Já sabe em quem vai votar?

    As eleições presidenciais decorrerão a 24 de Janeiro. Se nenhum candidato obtiver a maioria (50% +1), haverá uma segunda volta 21 dias depois, a 14 de Fevereiro. Há uma dezena de candidatos. Para todos os gostos. Democraticamente, há por onde escolher aquele que vai ser o presidente de Portugal pelos próximos cinco anos. […]

  • 13:48 | Terça-feira, 19 de Janeiro de 2016
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As eleições presidenciais decorrerão a 24 de Janeiro. Se nenhum candidato obtiver a maioria (50% +1), haverá uma segunda volta 21 dias depois, a 14 de Fevereiro.
Há uma dezena de candidatos. Para todos os gostos. Democraticamente, há por onde escolher aquele que vai ser o presidente de Portugal pelos próximos cinco anos.
Os partidos políticos, aparentemente, distanciaram-se dos candidatos. Naturalmente no entendimento de que uma colagem política seria mais prejudicial que positiva.
Com pouco mais de quatro décadas de democracia, os portugueses, em geral, estão saturados dos políticos partidários e da sua desastrada e persistente acção. Políticos e banqueiros têm sido, na última década, um vírus calamitoso que se abateu sobre o nosso país, portadores de todas as desgraças, cumulados de mordomias e prenhes em trágicas atitudes.
Também grande parte do país está francamente desiludido — para os que ainda se iludiram — com a actuação do cessante Cavaco Silva. De todos os que ocuparam esse cargo, nenhum sai das funções com tanto capital de antipatia assegurado. Cavaco não ficará para a História com uma imagem a recordar e a dar como bom exemplo às “criancinhas” .
E talvez seja isso que estas eleições carreiam de mais importante: a saída do homem de Boliqueime… que e pelos vistos vai viver a sua “aposentação” em recolhimento e, como diz o seu correligionário Ângelo Correia, “Cavaco pode ir a seguir para um convento onde se fazem actos de arrependimento, oração e penitência.” Ângelo Correia, melhor que ninguém, saberá do que fala e porque fala.
 
Se os candidatos são muitos, o favoritismo de Marcelo Rebelo de Sousa, criado nos ecrãs da TV, como o de uma Teresa Guilherme, mais do que pela coerente postura e modelar praxis política, a “pitonisa”, como ficou conhecido pelos seus dotes adivinhatórios de comentador popularucho dos últimos dez anos, vende uma imagem tutelar, de “conversas em família”, que os portugueses se habituaram a ter aos serões de domingo, no seu lar.
A direita conservadora e neoliberal revê-se nele e, com alguma malquista arrogância, MRS tem as eleições ganhas, no dizer do próprio.
Sampaio da Nóvoa, criticado pela sua ausência de protagonismo político — para muitos a sua melhor qualidade, que lhe confere um percurso impoluto e sem os “vícios” desse sector oriundos é, com Marisa Matias, valorosa candidata mas muito partidariamente “colada”, o mais credível opositor a Marcelo e a única hipótese de uma segunda volta que poderia congregar os votos desirmanados de um amplo espectro de eleitores.
 
Os debates públicos transmitidos pela televisão não nos trouxeram muita informação preciosa. Mais do que as macro-linhas de um programa, de uma postura, de uma acção… veicularam-nos, a mais das vezes mera “conversa de comadres” que foi subindo de tom com a proximidade da data do sufrágio. Forma tão latina de estar…
E porém, foi aqui que MRS mais desiludiu e mais expôs as suas fragilidades, tanto mais estranhamente quanto o mediático opinador jogava completamente em casa.
Muitos anos de comentários tão sagazes como arteiros deram aos seus opositores imensa matéria para o enrodilhar na ampla teia das suas contradições. E o que emergiu foi a imagem de um “sim-não-sim-não” muito balanceada ao sabor do circunstancialismo oportuno, preditório, frequentemente untado de insídia e com uma coloração laranja que em vão, agora, tentou desbotar.
Pena que a distracção e o acriticismo da maioria do eleitorado não o destrince…
Além disso, o espectro de uma pesada abstenção, também pode ser o grande e inútil triunfador de 24 de Janeiro.
 
Pessoalmente, sei com toda a clareza em quem não vou votar. Como o cantor Marco Paulo, “eu tenho dois amores”. Contudo, sei que no momento certo farei a que pessoalmente considero ser a melhor escolha…
E o leitor?
 
 
 
 

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