Insensatez, falta de cultura cívica, ou ambas?

Aceitamos que a ignorância da história contemporânea não consiga situá-los para trás do período concernente a 1999/2013, do pontificado de Fernando Ruas. Acolhemos como possível que a homenagem a um democrata e anti-fascista não seja tema que os entusiasme.

  • 20:53 | Sexta-feira, 06 de Agosto de 2021
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Ainda podemos juntar a estas duas hipóteses uma terceira e uma quarta, a saber: vã jactância ou triste desmemória.

Vamos por partes… em 1999, um grupo de cidadãos viseenses quis homenagear os democratas da cidade, que no passado terão sido mais que no presente, e elegeram o nome do advogado, lutador antifascista e democrata, Álvaro Monteiro, um Homem que sempre pugnou pelos ideais fraternos da liberdade.

Assim foi feito e foi-lhe dada nome numa rua, em Marzovelos, no topo da qual, junto ao Montepio, foi descerrada placa de homenagem, com o seguinte texto:


“Homenagem a todos os democratas na figura de Álvaro Monteiro, advogado, anti-fascista, político e parlamentar viseense.

Um grupo de cidadãos

1999-05-25”

Agora, a senhora câmara acolitada pela senhora junta, ou vice-versa, que aqui será arbitrária a ordem dos factores, decidiu “inquinar” a homenagem com uma pífia placa acerca de uma “eliminação” qualquer, claro está, a mês e meio das eleições de 26 de Setembro, como compete e é das regras, na tentativa apressada de se mostrar obra.

Aceitamos que a ignorância da história contemporânea não consiga situá-los para trás do período concernente a 1999/2013, do pontificado de Fernando Ruas. Acolhemos como possível que a homenagem a um democrata e anti-fascista não seja tema que os entusiasme. Pensamos, em última instância, terem achado que os seus nomes ficavam muito bem, no azulejinho kitsch, ao lado do nome de um Homem com projecção e acção política nacional, gravado em nobre e discreto mármore negro.

Este tipo de atitudes, na sua bacoca arrogância, veste com aprumo no fazer do senhor “regedor”. Talvez seja o desespero do tudo ou nada face às eleições que se aproximam. Eventualmente, será o deslumbrado desiderato de deixar o nome por aí, mesmo que seja, como em Vila do Conde, na inauguração de uma caixa multibanco.

 

Qualquer semelhança, claro está, é mera coincidência.

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