Escritores esquecidos – Fernando Namora

Fernando Namora está hoje um pouco votado ao injusto esquecimento, por mor, talvez, da periodização estética que integrou, o neo-realismo. O que não quer de todo dizer que se tenha anacronizado, continuando vivas e actuais muitas das temáticas que abordou com mestria.

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  • 13:04 | Segunda-feira, 07 de Junho de 2021
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Fernando Gonçalves Namora nasceu em Condeixa-a-Nova, a 15 de abril de 1919 e faleceu em Lisboa a 31 de janeiro de 1989. Médico e escritor, autor de vasta obra, talvez das mais divulgadas e traduzidas nos anos 70 e 80.

 


 

Fernando Namora está hoje um pouco votado ao injusto esquecimento, por mor, talvez, da periodização estética que integrou, o neo-realismo. O que não quer de todo dizer que se tenha anacronizado, continuando vivas e actuais muitas das temáticas que abordou com mestria.

Hoje, nas minhas cíclicas arrumações, vieram-me às mãos dois livros da sua autoria, talvez dos mais marcantes romances da década de 40, “Casa da Malta” e “Minas de S. Francisco”, aquele com capa de Victor Palla, este último com capa de Manuel Cristovão de Pavia. Ambos, dois nomes grandes da ilustração portuguesa, também relegados ao esquecimento.

Este último, por curiosidade, é portador de uma dedicatória do autor a Luís de Oliveira Guimarães, jornalista, dramaturgo, escritor, advogado, nascido no Espinhal, Penela, em 1900. No fundo, contemporâneo e quase conterrâneo de Namora. Dois vultos de um mesmo tempo.

 

Amigo de Aquilino Ribeiro, tivemos o ensejo de o homenagear e lembrar no nº 4 da revista literária “aquilino”.

 

 

Estes percursos, quando se começam a trilhar, não têm fim e, através deles, trazemos para fora deste temível limbo da desmemória, nomes grandes, vultos enormes, tão ingloriamente destratados. É aqui que cabe um relevante papel às autarquias de onde são oriundos, no entendimento do relevantíssimo património cultural que representam.

Costumo dizer que os escritores são um pouco como um comboio a vapor, precisam de lenha na caldeira para se manterem em movimento. Essa lenha simboliza a forma de alcançarmos o reganho de interesse do qual são dignos merecedores. Faz-se com reedições das suas obras, colóquios sobre ela, interacção com as escolas, com a academia, com os seus leitores.

Obras de Fernando Namora

As Sete Partidas do Mundo, romance – 1938
Terra, romance, 1941
Fogo na Noite Escura, romance – 1943
Casa da Malta, romance – 1945
Minas de San Francisco, romance – 1946
Retalhos da Vida de um Médico, narrativas / primeira série – 1949
A Noite e a Madrugada, romance – 1950
Deuses e Demónios da Medicina, biografias romanceadas – 1952
O Trigo e o Joio, romance – 1954
O Homem Disfarçado, romance – 1957
Cidade Solitária, narrativas – 1959
As Frias Madrugadas, poesia / antologia – 1959
Domingo à Tarde, romance – 1961
Retalhos da Vida de um Médico, narrativas (segunda série) – 1963
Diálogo em Setembro, crónica romanceada – 1966
Um Sino na Montanha, cadernos de um escritor – 1968
Marketing, poesia – 1969
Os Adoradores do Sol, cadernos de um escritor – 1971
Os Clandestinos, romance – 1972
Estamos no Vento, narrativa literário-sociológica – 1974
A Nave de Pedra, cadernos de um escritor – 1975
Cavalgada Cinzenta, narrativa – 1977
Encontros, entrevistas – 1979
Resposta a Matilde, divertimento – 1980
O Rio Triste, romance – 1982
Nome para uma Casa, poesia – 1984
URSS mal-amada, bem-amada, crónica – 1986
Sentados na Relva, cadernos de um escritor – 1986
Jornal sem Data, cadernos de um escritor – 1988

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