Autárquicas Viseu – O debate na RTP3, à laia de conclusão

Fernando Ruas recusou estar presente com uma desculpa de última hora dada num comunicado referindo que Viseu se debate em Viseu. Vale o que vale. Cada um de nós pode acreditar no que quiser. De qualquer forma, a sua ausência empobreceu o debate.

  • 15:08 | Quarta-feira, 01 de Setembro de 2021
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Se algumas expectativas tínhamos, enquanto eleitores, sobre as propostas que os candidatos a Viseu iriam apresentar e debater na RTP3, elas saíram algo frustradas.

O jornalista, Vítor Gonçalves é competente. Decerto serão também competentes os 7 candidatos em contenda. Cremos que a falha maior estará no formato do programa, o qual, cingido à exiguidade temporal, não deixa margem para grandes elucidações. Com uma média de 7 minutos por cabeça e se percebermos que não estamos perante profissionais do ecrã, com o inerente nervosismo e a ansiedade de muito dizer em tão curto espaço de tempo, cedo se apercebe que o resultado final fica aquém das suas potencialidades.

Em comum, estes 7 candidatos têm nunca ter feito parte do executivo municipal. O que não impede nem inviabiliza a sua crítica visão pessoal sobre a governação local e as realidades do Concelho que tem 99.693 eleitores, um salário abaixo da média nacional, de 1.037€, um desemprego mais baixo que o verificado a nível nacional de 5,1%, uma abstenção nas eleições de 2017 de 49,2% e um anterior resultado eleitoral que deu 51,7% ao PSD contra 26,1% do PS, traduzido em 6 -3 vereadores.

Fernando Ruas recusou estar presente com uma desculpa de última hora dada num comunicado referindo que Viseu se debate em Viseu. Vale o que vale. Cada um de nós pode acreditar no que quiser. De qualquer forma, a sua ausência empobreceu o debate.


Pelo PS esteve João Azevedo, pela CDU Francisco Almeida, pelo BE Manuela Antunes, pela IL Fernando Figueiredo, pelo Chega Pedro Calheiros e pelo PAN, Diogo Chiquelho.

Conseguimos registar aquilo que cremos ter sido o essencial de cada intervenção. A saber…

João Azevedo, com o que apoda de candidatura inclusiva, a lutar para ganhar com apostas no emprego através de novos investimentos privados e com afirmações lapidares: Viseu tem que ser a locomotiva do emprego na região. O município tem que ser amigo do investidor. Apostar no emprego, na saúde, no centro ambulatório de radioterapia, no hospital psiquiátrico de Abraveses. No “overbooking da bazuca”, no orçamento de Estado, na ferrovia. Na eficiência administrativa a dar resposta rápida e eficaz aos desideratos dos munícipes e dos investidores…

Francisco Almeida a referir a falta de oposição que imperou sobre o executivo municipal. Na necessidade de quebrar o unanimismo. Nos projectos apresentados na AR pelo seu partido, para a Universidade pública que foram chumbados. No aumento da população, mas no baixo rendimento médio das pessoas. Na imperiosidade de ser criado um passe social para os transportes e na certeza de que viver melhor no concelho de Viseu passa também pelo Turismo, ente outros com o Caramulo, a Serra da Estrela…

Manuela Antunes foi taxativa ao afirmar que, em Viseu, só há muito pouco tempo a esquerda “é vista como gente”. Quer uma cidade inclusiva, com cabal integração de todos. “Desguetização” dos bairros sociais, rede de transportes públicos inexistente com um MUV que não responde às pessoas, arrendamentos caros, habitação que não responde às necessidades das pessoas, cara e ao nível de Lisboa, com um T2 a custar mais de 600 €. Imperiosidade de revisão do PDM para proteger a cidade e as freguesias, classificação do património e requalificação dos prédios devolutos.

Fernando Figueiredo a acusar Ruas de vir desculpar a sua ausência “com desculpas de mau pagador”. A apresentar-se com uma forma diferente de fazer política, com 100 ideias para Viseu, combatendo preconceitos, não poluindo a cidade com cartazes, reduzindo taxas e impostos, IRS, IMI, etc. Desburocratizar os procedimentos administrativos, colocar Viseu no centro da Europa. A acusar os dois principais partidos, PSD e PS de não terem ainda apresentado um programa eleitoral…

Nuno Correia da Silva, o CDS não está morto, está vivo. Necessidade de mudar a atitude. Viver do trabalho. Combater a pobreza e um dos poderes de compra mais baixos de Portugal. Viseu perdeu a ferrovia. Não tem universidade. Viseu deve ser um exemplo. É preciso colocar as pessoas no centro de Viseu e fazer de Viseu a capital da liberdade com uma política humanista, ‘baby sitting’, apoio aos idosos e transparência nos critérios…

Pedro Calheiros, assumiu esta candidatura como mais uma missão na sua vida delas recheada. A floresta e a agricultura em perda. A agricultura barrada por uma legislação limitativa e que não deixa ir a lado nenhum. Os problemas com a pecuária que, na ausência de um matadouro municipal tornam a carne para consumo mais cara, porque os animais são abatidos em Aveiro. Olhar a floresta e a agricultura são duas das suas macro linhas. Também implementar obras mas com precedência no bem fazer…

Diogo Chiquelho referiu não ser oposição do contra mas sim oposição de cooperação com os demais partidos. Melhorar a cidade, o ambiente, o mundo animal. Recusar uma cidade tóxica e querê-la sadia. As obras públicas demoradas. O centro de recolha oficial de animais com mais um veterinário. Criar a figura do provedor municipal do animal. Habitação num estado crítico, estimular as cooperativas de habitação. A mobilidade objecto de uma reforma mal feita com o MUV que não responde às carências populacionais. Mercado habitacional para todos. Economia circular. Apelar a indústrias ecológicas e sustentáveis. Pugnar pela saúde mental e psicológica para Viseu.

Em suma, para mim, creio terem sido estas as ideias-chaves dos sete candidatos. Naturalmente algumas me terão falhado, do que me desculpo. Concordamos com todas elas e percebemos que estes cidadãos estão animados por um benévolo desejo de bem servir o concelho e os seus munícipes.

Lamentámos não ter a oportunidade de ouvir Fernando Ruas, o candidato pelo PSD, partido que há 32 anos está a gerir o executivo municipal, dos quais 24 anos pelas suas mãos. Este capital de muitos anos decerto poderia explicar muita coisa, do bem feito ao mal feito. Da oposição cerrada que fez ao executivo a cessar funções, apesar de ser da sua cor partidária. Das suas “novas” ideias para o concelho, etc. Perdemos, nós os munícipes com o seu obstinado silêncio…

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