As nossas armadilhadas estradas

  Muito se ouve falar em acidentes nas rodovias de Portugal. A prevenção rodoviária ou um organismo qualquer semelhante, do seu cómodo gabinete, vai analisando dados, compulsando estatísticas, exarando doutas opiniões. Há dias, uma dessas instituições, até a peregrina e iluminada ideia teve de mandar fazer exames de condução a todos os sexagenários – eventualmente […]

  • 22:29 | Quarta-feira, 15 de Agosto de 2018
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Muito se ouve falar em acidentes nas rodovias de Portugal.

A prevenção rodoviária ou um organismo qualquer semelhante, do seu cómodo gabinete, vai analisando dados, compulsando estatísticas, exarando doutas opiniões.
Há dias, uma dessas instituições, até a peregrina e iluminada ideia teve de mandar fazer exames de condução a todos os sexagenários – eventualmente para satisfazer algum lóbi do sector – tentando encontrar um bode expiatório e, ao mesmo tempo, mostrar o neurónio pensador de algum abstruso crânio. Um flop…
Se saíssem dos gabinetes e só a mero título de exemplo e sem me alargar demasiado, vissem as péssimas e lastimáveis condições de circulação na EN229, no troço Viseu-Sátão, nalguns locais com o piso a aluir, com perigosas irregularidades em alguns sectores, bermas sujas, semáforos por tudo quanto é sítio a empastilhar – ainda mais! – a desejada fluidez do acrescido tráfego, etc…; na A24, Viseu-Vila Real, semeada de onerosos pórticos que fazem de cada viagem um saque à carteira do utente – por defeito, um diesel económico gasta mais de portagens que de combustível nessa viagem – e se alguém retorquir: “Só anda nas Scuts quem quer!”, responderei: Vá ver o estado das estradas nacionais alternativas, as bermas pejadas de vegetação invasiva (em cruzamentos tirando toda a visibilidade!), etc… mas o pior é, na referida A24, encontrarmos bocados de autoestrada sem asfalto, com buracos de fundo pintado a vermelho (!?) e sinalização vertical deficientemente colocada e indutora de graves erros.
Aqui sim, nestes dois meros exemplos de centenas possíveis – deveriam as instituições responsáveis, EP incluída, pôr os olhos com atenção e diligência, pois estes invocados casos são altamente lesivos para os utentes, mas também, infelizmente, causadores de muitos acidentes. E nem sequer aqui chamámos o trágico IP3…
Ademais e como se não bastasse, as Scuts, exploradas por entidades privadas (ou PPP), com contratos de concessão que talvez não passassem no crivo de uma auditoria minuciosa e séria, têm o DEVER de fazer a mais apurada e cuidada manutenção das vias concessionadas pois, decerto que ao menos essa cláusula constará dos respectivos contratos.
Porém, se há entidades fiscalizadoras do bom cumprimento desse clausulado, mais parece estarem a dormir à sombra da bananeira num país tropical, que a zelar pelos conteúdos funcionais do seu mester.
O resto, bem o resto é o que todos sabemos: é mais fácil acusar os automobilistas de todos os acidentes de que são vítimas e pejar as estradas de limitações de velocidade, para em seguida colocar um radar atrás de cada moita. O negócio é simples: poupar no que não fazem e lucrar no que armadilham.
Enfim, uma súcia de patuscos…
(Fotos DR)
 
 
 


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Publicado em Editorial