A paga dos poderosos

  Quando Durão Barroso acabou a sua inglória presidência da União Europeia andou por aqui e ali, um bocado desnorteado, quase aos gambozinos. Julgava-se aureolado de um halo luminescente de autoridade e poder. Vinha com um fato talhado para próximo candidato à presidência da República pelo PSD. Porém, tomado o pulso, sondagens feitas, constatou — […]

  • 23:03 | Quinta-feira, 28 de Maio de 2015
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Quando Durão Barroso acabou a sua inglória presidência da União Europeia andou por aqui e ali, um bocado desnorteado, quase aos gambozinos. Julgava-se aureolado de um halo luminescente de autoridade e poder. Vinha com um fato talhado para próximo candidato à presidência da República pelo PSD.
Porém, tomado o pulso, sondagens feitas, constatou — naturalmente com a amargura mordente dos emproados que vêem o mundo ao viés de seu umbigo — que ninguém o queria. No seu próprio partido.
Andou por aí, como o outro ex-primeiro-ministro que lhe sucedeu, Santana Lopes. A este, para o confortarem, acomodaram-no no cargo de provedor da Misericórdia de Lisboa. Àquele, Balsemão, às escondidas dito “a velha raposa”, o militante nº 1 do PPD/PSD, o Mister Bilderberg português, o dono do grupo Impresa que controla parte da comunicação social portuguesa, resolveu tratar-lhe da vidinha, convidando-o para seu sucessor no Clube dos Ricos e Poderosos deste mundo.
Decerto Durão Barroso terá perfil para a nomeação e provavelmente terá merecido o lugar. Tanto como primeiro-ministro como enquanto presidente da UE.
Conjecturalmente é-nos até lícito especular que cumpriu cabalmente o seu papel e que o seu desempenho foi notável.
Mas para quem? Para aqueles que agora o chamaram e aceitaram no seu seio. Uma espécie de prémio, o relógio de ouro com a dedicatória gravada a quantos vestem a camisola com mérito e devoção.
 

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Publicado em Editorial