A aurora das facas longas

Se ontem os rejeitados permaneciam agachados, mantendo ainda um véu de pudor sobre a sofreguidão, hoje, logo pela alvorada, fauces escancaradas, aí estavam a esfacelar os líderes derrotados nestas legislativas. Uma pessoa que prezo e admiro, João Soares, diz que “não dispara sobre ambulâncias”. Pois há-os que até sobre a cruz vermelha eram capazes de […]

  • 14:59 | Segunda-feira, 07 de Outubro de 2019
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Se ontem os rejeitados permaneciam agachados, mantendo ainda um véu de pudor sobre a sofreguidão, hoje, logo pela alvorada, fauces escancaradas, aí estavam a esfacelar os líderes derrotados nestas legislativas.

Uma pessoa que prezo e admiro, João Soares, diz que “não dispara sobre ambulâncias”. Pois há-os que até sobre a cruz vermelha eram capazes de deitar napalm…


Há muitos encostados nas galerias sombrias do esquecimento que aguardavam sôfregos um mau resultado para saírem do fundo da trincheira e, baioneta empunhada, começarem a atacar os caídos.

David Justino, vice-presidente do PSD sintetizou tudo numa frase: Eu e os meus companheiros não vivemos da política.” Isto talvez faça a diferença entre “les uns et les autres”, sendo estes últimos aqueles que só pela política tiveram alguma notoriedade nas suas vidinhas cinzentas e através dela granjearam algum “conforto”.

Até por aqui, por Viseu, adrede veio um “tóxico”, que um dia é santanista, noutro é montenegrista, noutro é riista… pedir um “congresso imediato” pedir “o PSD para os militantes”. Talvez a ver se neste “day after” alguém lhe deita a mão e o retira da vala dos esquecidos.

No CDS foram mais moderados. Talvez por Assunção Cristas se ter de imediato demitido, esperam que a espuma assente, não para tirarem ilações, mas somente para saltarem ao assalto final.

É a vida”, diria o compadre Zacarias… ora em cima, ora em baixo, num cenário de Coliseu romano, gladiadores e leões, se não matam morrem.

Talvez este tipo de ávidas atitudes sirva para perceber os quase 50% de abstenção. É que, com “políticos” deste quilate, o descrédito é tão grande que metade dos eleitores portugueses lhes vira as costas com desdém, senão desprezo…

Entretanto, há um dado novo no distrito de Viseu: os 35,4% do PS mais os 7,9% do BE e os 2,3% da CDU dão 45,6%… ou seja, o distrito pela primeira vez, votou à esquerda. O PSD ganhou com 36,3%, menos 4,6% do que em 2015 e o CDS com 5.9% obteve menos 4,3%. A abstenção, essa, claro, foi a vitoriosa com 49%…

No distrito, o PS ganhou em 10 concelhos com autarcas socialistas, excepção de Carregal do Sal e Vila Nova de Paiva onde o PSD ganhou com 35,62% e 44,21%, respectivamente. O PSD, por seu turno, ganhou em todos os concelhos com autarcas social-democratas, com excepção dos atrás referidos. Resultado 10-14 para o PSD.

Paulo Neto

(Foto DR)

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Publicado em Editorial