Investigadores da UC desenvolvem sistema para prevenir perda auditiva provocada pela quimioterapia

Através de uma aplicação instalada num tablet com auscultadores de redução ativa de ruído, os doentes poderão realizar testes audiométricos em casa, eliminando deslocações desnecessárias e garantindo um acompanhamento mais equitativo, especialmente em zonas rurais ou com menor acesso a cuidados especializados

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  • 13:43 | Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2025
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Um grupo de investigadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) integra o consórcio europeu CHAFT – Monitorização domiciliária para identificar riscos de deficiência auditiva causada pela cisplatina, financiado pelo programa EU-INTERREG-SUDOE.

Coordenado pelo Centro Hospitalar Universitário de Montpellier (CHUM), este projeto reúne instituições de Espanha, França e Portugal, entre as quais a Universidade de Coimbra e o Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto).

De acordo com Joel P. Arrais, docente do DEI e investigador do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), este projeto pretende desenvolver e validar um sistema de telemedicina que permita a monitorização auditiva domiciliária de doentes submetidos a quimioterapia com cisplatina, um fármaco amplamente utilizado em oncologia, mas frequentemente associado a toxicidade auditiva irreversível.

«Através de uma aplicação instalada num tablet com auscultadores de redução ativa de ruído, os doentes poderão realizar testes audiométricos em casa, eliminando deslocações desnecessárias e garantindo um acompanhamento mais equitativo, especialmente em zonas rurais ou com menor acesso a cuidados especializados», explica o coordenador do projeto na FCTUC.


«Para além de propor uma solução tecnológica inovadora de monitorização e prevenção, o CHAFT pretende ainda reduzir as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde e contribuir para a sustentabilidade ambiental, ao diminuir deslocações e otimizar recursos hospitalares», sublinha o especialista.

O papel da FCTUC é central na componente de Inteligência Artificial do projeto. A equipa será responsável pelo desenvolvimento de modelos de aprendizagem automática e de análise de dados de sequenciação genómica. O objetivo é identificar novos padrões farmacogenómicos que permitam prever quais os doentes com maior predisposição genética para a perda auditiva induzida pela cisplatina, contribuindo assim para tratamentos personalizados e mais seguros.

«A integração de dados clínicos, audiométricos e genómicos através de IA permitirá antecipar o risco de toxicidade auditiva antes que esta se manifeste, abrindo caminho a uma medicina verdadeiramente personalizada», conclui Joel P. Arrais.

 

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