A convocação de uma greve geral para 11 de dezembro veio desencadear um coro de críticas.
Na verdade, não lhes encontro razão.
O Governo decidiu apresentar uma revisão da lei laboral dizendo que ela era um todo coerente e que não estava disposto a descaracterizá-la.
Após o anúncio das alterações pretendidas, e em sede de Concertação Social, as Centrais Sindicais não encontraram recetividade às suas pretensões de negociação do proposto. O Governo escudou-se em que a alteração às leis laborais era um todo coerente que não permitiria ser desvirtuado.
Em resposta, as Centrais Sindicais decidiram pela convocação de uma greve geral.
O Primeiro Ministro veio considerar injustificada tal convocação e, acusou, que ela se devia à satisfação de uma agenda partidária.
Esqueceu-se de referir que numa das Centrais Sindicais há, nos seus Órgãos Diretivos, importantes militantes do PSD e que, assim, tal acusação tinha um efeito de boomerang.

Olhando para o que se tem passado acho que os atores deste processo estão a comportar-se de acordo com o papel que têm na Sociedade.
O Governo apresentou um projeto legislativo, dentro das suas competências.
Os representantes das entidades patronais apoiam uma proposta que acham servir os seus interesses.
As Centrais Sindicais, face ao que consideram falta de disponibilidade negocial, decidiram, legitimamente, convocar greve geral.
Cada um no seu papel!
Parece que há quem entenda/deseje que a greve devia ser convocada depois da aprovação da proposta governativa.
Afigura-se-me ser um desejo demasiado extravagante.
Manuel João Dias