Em Outubro de 2016 escrevi na RD uma crónica com o título “Mota Faria na hora do balanço…” fundamentada numa entrevista dada a um jornal do qual eu era então director, o JC, feita em Agosto de 2011.
Respigo aqui algumas frases dessa entrevista, proferidas por Mota Faria, com as prioridades que há 14 anos entendia serem de primeiríssima necessidade para todos nós e para Viseu:
“a agricultura e a floresta assumida como sector estratégico”;
“o sector social como prioridade das prioridades”;
“um novo papel da família valorizado”;
“ainda hoje temos uma taxa de desemprego superior à média nacional, é um flagelo e é um combate que tem que ser ganho”;
“apoiar o tecido empresarial; investimento público e privado”;
“o Estado Social sustentável”;
“justiça na distribuição de sacrifícios”;
“o Estado a dar o exemplo de austeridade”;
“a auto-estrada Viseu-Coimbra (…) se for auto-sustentada, portajada e se tiver sustentação financeira (…) uma prioridade para o distrito; uma via estruturante”;
“a universidade pública como reivindicação legítima dos viseenses. É um investimento estruturante (…) uma universidade de excelência, com grande qualidade técnico-científica”;
Sobre os cargos de nomeação política: “despartidarização e desgovernamentalizar (…) em Portugal devia ser definido o que são lugares políticos, o que são lugares técnico-políticos e os que são lugares meramente técnicos. Defendo esta base zero”;
Sobre a gestão público-privada da saúde com o Grupo Visabeira: “Nunca ouvi falar. Sou defensor do SNS”;
“devemos ter um centro oncológico que já podia ter sido feito (…) a integração do Centro de Saúde Mental”;
Sobre os serviços e os serviços perdidos: “defendemos uma distribuição equitativa dos serviços regionais pela região (…) Não podem continuar a existir só dois pólos na Região Centro: Castelo Branco e Coimbra. Faço questão disso. É uma reivindicação da região”;
Sobre a candidatura à Câmara Municipal de Viseu: “O dr. Fernando Ruas já faz parte da história de Viseu e da região”;
Sobre ele próprio ser o candidato à presidência da CMV: “Não me devo pronunciar sobre isso (…) Ninguém em política pode dizer: Desta água não beberei”;
Sobre a austeridade: “ Eu acredito no Governo |Passos Coelho | e no presidente do partido em relação a esta luta como exemplo de austeridade. A época dos truques e das jogadas acabou”
14 anos depois, o PSD local apresenta o mesmo Mota Faria e o mesmo Fernando Ruas, o primeiro como candidato à Assembleia Municipal (não terão mais ninguém…) e o segundo como candidato ao seu 8º mandato (32 anos são muitos anos… quase os mesmos de Salazar, 1933/1968).
Como se pode constatar desta eterna segunda figura, uma espécie de duquesa de Windsor a quem chamam para ficar nas fotografias de grupo, aquele que afirmou quando questionado sobre ser o candidato à CMV respondeu: “Ninguém em política pode dizer: Desta água não beberei”, deixando implícito o desiderato jamais alcançado, e explícito que as suas propostas nunca tiveram eco, no poder local onde se integrava, nem no poder local que apoiou.
Esperará por mais quatro anos para fazer enfim ouvir a sua voz?
Mas, de facto, as interrogações são estas:
Primeira: Renovação ou passadismo e bafio?
Segunda: Estes dois dignos cidadãos ainda terão alguma coisa para dar a Viseu? De Fernando Ruas, e analisando este 7º mandato a resposta é um “rotundo” NÃO. De Mota Faria, o mesmo de sempre, ou seja… NADA.