Era dia de S. Aquilino no calendário litúrgico. Mariana do Rosário Gomes dava à luz, pelas 13H00, um menino que foi baptizado no próprio dia, com o nome de Aquilino Gomes Ribeiro e posteriormente registado, na igreja matriz dos Alhais, da Nª Sra. da Corredoura, a 17 de Novembro desse ano.
Seu pai foi o Padre Joaquim Francisco Ribeiro, pároco do Carregal (Sernancelhe) desde 1879.
Em 16 de Outubro de 1902 começa a frequentar o curso de Teologia do Seminário de Beja. Em finais do ano seguinte, em conflito com o director e seu irmão, os Ançã, é expulso. Vai para Lisboa. Até 1906 partilha seu tempo entre Lisboa e Soutosa. Na capital, reside na Rua do Crucifixo, depois na Rua das Pedras Negras e mais tarde na Rua do Carrião.
Em 1907 dá-se uma explosão no seu quarto da Rua do Carrião quando prepara engenhos explosivos com o médico Gonçalves Lopes e o lojista Belmonte Lemos, ambos mortos no acidente. É encarcerado na esquadra do Caminho Novo de onde se evade na madrugada de 12 de Janeiro de 1908. Vive numas águas-furtadas, clandestino, durante 4 meses. Em Maio apanha o Sud-Express no Entroncamento, para Paris.
Recorde-se que o regicídio ocorre em Fevereiro de 1908. Nele, perdendo a vida o rei Dom Carlos e o príncipe Luís Filipe.
Em 26 de Fevereiro de 1914 nasce o 1º filho, Aníbal Aquilino Fritz Tiedmann Ribeiro. Regressa a Portugal na sequência da eclosão da Grande Guerra.
Em 1915 instala-se em Lisboa, no Campo Grande. Exerce funções docentes no Liceu Camões até 1918. No ano seguinte, a convite de Raul Proença, ingressa como 2º bibliotecário da BN.
Em finais de 1920 viagem à Alemanha (e França) a convite dos sogros.
Em 29 de Maio de 1926 dá-se a Revolução Nacional. Daí a 1933 instaura-se a ditadura militar. Em 1927 falece Grete (19 Setembro). Aquilino, implicado na intentona de 7 de Fevereiro contra o Estado Novo, escapa à perseguição, refugia-se na Beira Alta e exila-se, de novo, em Paris.
Em 1928 participa na frustrada rebelião do Regimento de Pinhel. É preso em Contenças, Mangualde e encarcerado no presídio do Fontelo, em Viseu. Evade-se a 15 de Agosto, dia de Nª Sra. da Lapa. Foge para Paris.
Em Junho de 1929 casa em Paris, na Mairie de Montrouge, com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado, último Presidente da Iª República, exilado após o 28 de Maio de 1926. Reside no sul de França, em Ustaritz e posteriormente em Baiona. Aqui nasce, a 6 de Abril de 1930 o 2º filho, Aquilino Ribeiro Machado. Em 1931 vai para a Galiza, para Vigo e depois Tui. Em 1932 entra clandestinamente em Portugal e instala-se em casa de um amigo, em Abraveses. Daqui, regressa a Lisboa e passa a morar na Cruz Quebrada, sendo amnistiado.
Em 1935 é eleito sócio-correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.
Em 1952 visita o Brasil onde é recebido com enorme sucesso.
Em 1956 cria a Sociedade Portuguesa de Escritores da qual é feito sócio nº 1.
Em 1960 é candidato ao Prémio Nobel e em 1961, por motivos de saúde viaja com seu filho Aquilino a Londres e Paris.
Em 1963 comemora-se o Cinquentenário da sua vida literária. A 27 de Maio falece em Lisboa.
Em 19 de Setembro de 2007 os seus restos mortais são trasladados para o Panteão Nacional.
AQUILINO GOMES RIBEIRO – Obras Publicadas, s/ diacronia
1913 – Jardim das Tormentas
1916 – Caderno dum Libertino, Atlântida
1918 – A Via Sinuosa
1919 – Terras do Demo
1920 – Filhas da Babilónia (Iª e IIª ed. incluem O Derradeiro Fauno, IIIª e sgts, não incluem, mas trazem Frustração; O Derradeiro Fauno é a versão inicial de Andam Faunos pelos Bosques)
1921 – Valeroso Milagre
1921 – A Traição
1922 – Estrada de Santiago (I ª ed. Malhadinhas, Obras Completas (1958) Domingo de
Lázaro)
1922 – Recreação Periódica
1922 – O Cavaleiro de Oliveira
1923 – Anatole France
1924 – Romance da Raposa
1926 – Andam Faunos pelos Bosques
1927 – O Tesouro Escondido, Magazine Bertrand, Setembro de 1927, de Batalha sem Fim
1930 – O Homem que Matou o Diabo
1931 – A Batalha sem Fim
1932 – As Três Mulheres de Sansão
1933 – Peregrinação
1933 – Maria Benigna (a Iª ed. não inclui Antecipação, apenas vem nas Obras Completas – 1958)
1934 – É a Guerra
1934 – Alemanha Ensanguentada
1935 – Quando ao Gavião Cai a Pena
1935 – Arca de Noé, III Classe
1936 – As Aventuras Maravilhosas de D. Sebastião, Rei de Portugal, depois da Batalha com o Miramolim
1936 – O Galante Século XVIII
1936 – Anastácio da Cunha, o Lente Penitenciado
1937 – S. Banaboião, Anacoreta e Mártir
1938 – A Retirada dos Dez Mil
1939 – Mónica
1939 – Por Obra e Graça
1940 – Em Prol de Aristóteles
1940 – Oeiras, Monografia
1940 – O Servo de Deus e a Casa Roubada
1942 – Brito Camacho
1943 – Os Avós dos Nossos Avós
1944 – Volfrâmio
1944 – Natal Português, Colectânea, Livros do Brasil
1945 – O Livro do Menino Deus
1945 – Lápides Partidas
1946 – Aldeia, Terra, Gente e Bichos
1946 – Camões e o Frade na Ilha dos Amores
1947 – Caminhos Errados
1947 – Constantino de Bragança, VII Vizo-Rei da Índia
1947 – O Arcanjo Negro
1948 – Cinco Réis de Gente
1948 – Uma Luz ao Longe
1949 – Camões, Camilo, Eça e Alguns mais
1949 – Edição Príncips de Os Lusíadas
1950 – Luís de Camões, Fabuloso e Verdadeiro
1951 – Portugueses das Sete Partidas. Aventureiros, Viajantes, Troca-Tintas
1951 – Geografia Sentimental
1952 – Leal da Câmara
1952 – O Príncipe Perfeito
1953 – Príncipes de Portugal, suas Grandezas e Misérias
1953 – Arcas Encoiradas
1954 – Humildade Gloriosa
1954 – O Homem da Nave
1955 – Abóboras no Telhado
1955 – Olhos Deslumbrados
1956 – O Romance de Camilo (3 vol.)
1956 – Sonho de Uma Noite de Natal, in Natal Cristão
1956 – Soldado que Foi à Guerra (conto extraído de Caminhos Errados, sob o título de Chumbo)
1957 – A Casa Grande Romarigães
1957 – D. Quixote de la Mancha (3 vol.)
1958 – O Malhadinhas (aparece na 1ª ed. de Estrada de Santiago)
1958 – Novelas Exemplares (Cervantes)
1958 – Quando os Lobos Uivam (ed. portuguesa e ed. brasileira)
1958 – Discurso de Recepção na Academia
1959 – Dom Frei Bertolameu dos Mártires
1960 – No Cavalo de Pau com Sancho Pança
1960 – De Meca a Freixo de Espada à Cinta
1963 – Casa do Escorpião
1963 – Tombo no Inferno – O Manto de Nossa Senhora
Póstumos:
1967 – O Livro de Marianinha
1974 – Um Escritor Confessa-se (1963)
1988 – Páginas do Exílio (1908-1914) – I vol.
Páginas do Exílio (1927-1930) – II vol, compul. e pref. de Jorge Reis