A senhora pode ser uma brilhante académica, uma virtuosa jurista, uma cidadã exemplar, uma pessoa esforçada. Até bem- intencionada. Talvez. Mas na gestão política dos incêndios está a ser um desastre.
A sua nomeação para a pasta só pode ter sido por acidente. Ou por falta de comparência de terceiros, que, elevados à condição de sumidades, enjoam com as turbulências, e reservam a sua presença para tempos mais acalmadiços.
A afirmação parva sobre os meios aéreos – “o número de meios aéreos é irrelevante” – tornou-se ainda mais ridícula, quando o comandante nacional logo a veio corrigir, referindo a complementaridade daquelas ferramentas de trabalho com os meios terrestres.
A comunicação da ministra, feita ao país, mostrou a desgraça que é, no exercício das funções. Durou 5 penosos minutos, bolsou banalidades – “o agravamento dos ventos” e “o fumo intenso“. Sobre o SIRESP, nem uma letra, uma sílaba, uma palavra.
Um “general”, quando tem as “suas tropas” em combate, não pode andar escondido, fugido, acoitado no gabinete, rodeado de imediatos, oficiais às ordens e mapas, fingindo que pensa. Não se lhe pede que se passeie nos centros de comando – uma passadeira de ilustres, como aconteceu num passado recente – porque só estorvaria, ao invés de acrescentar e melhorar. Mas exige-se-lhe voz firme e segura, inspiração e convicção. Nada disto, a senhora tem.
No respeitante aos incêndios, esta ministra é uma nódoa, um mono, não sabe do que fala, nem sabe o que diz. Fala, quando devia estar calada, fica em silêncio, quando se esperava o contrário. Não tem energia, é impreparada. Transmite insegurança e medo. Não tem raça. Já se viu que não dá, a aposta está esgotada e perdida.
Se ainda houvesse dúvidas, eis a prova de que recrutar governantes na academia nem sempre é um bom critério. Não é apenas a inteligência que faz um bom decisor. Naquela pasta, de extrema complexidade, tem de haver alguém com músculo, peso político, coragem, que não tenha medo de tomar decisões e dar a cara por elas.
Não tenho a pretensão de esta humilde crónica chegar ao conhecimento do PM, a banhos no Algarve, sossegado, enquanto Monchique, Fóia e Silves não voltarem a arder, e o devolverem à capital. Conheço bem as minhas limitações. Mas se acontecer esse milagre de, por vias travessas, o vier a ler, deixo-lhe um conselho, já que, ao que parece, o PR não estará disponível para repetir o gesto que teve para D. Constança – outra senhora impreparada – abrindo-lhe a porta da serventia: substitua a senhora, alije-a de tamanha responsabilidade. Escuse-a do frete, e salve o país.