Portugal arde, as jovens mães parem no meio da rua, os psitacistas habituais remetem-se a um esfíngico, anuente e cúmplice silêncio.
Vêm morgados, leitões e bugalhos, entre a histeria de rambos e a tartamudice dos gagos, edulcorar o negro cenário.
Entretanto, de férias, exausto de tanta e tão árdua labuta, o governo cresta à iodada canícula atlântica ou mediterrânica, retemperando o aço e afinando a narrativa para a agitada rentrée autárquica, provendo-se da maviosidade retórica que curará pernetas, dará aos cegos visão e aos surdos sarará orelhas moucas.
Há-de então decretar-se uma qualquer irrisória benesse para um quilo de arroz ou um litro de leite, enquanto nos bastidores se aquecem os motores para os drifts do costume, anchos em ziguezagues de muita arte e escorregadia perícia…
Habituemo-nos à Nova Ordem, à descoloração da Verdade e ao triunfo do fake, onde a maltesia já perdeu tino, norte e sul, convencendo-se de que a reposição da realidade, se um dia chegar, esbarrará na perene indiferença do acefalismo e no acriticismo de porfiada duração.