Seis campeonatos nacionais de futebol. Duas Taças de Portugal. Um título de campeão do mundo de hóquei em patins. Este é o palmarés de Jesus Correia, talvez o mais versátil e esquecido desportista português do século XX.
Jogador de eleição no ataque do Sporting Clube de Portugal entre 1943 e 1953, foi um dos lendários Cinco Violinos, ao lado de Albano, Vasques, Travassos e Peyroteo — um quinteto ofensivo que mudou a história do futebol português. Mas ao contrário dos seus companheiros, Jesus Correia distinguiu-se ainda noutro campo: em 1947, foi campeão do mundo de hóquei em patins, ajudando Portugal a vencer a prova disputada em Lisboa, no primeiro grande palco internacional do pós-guerra.
Era um tempo de desportistas completos, em que o talento se dividia entre modalidades sem que o brilho se perdesse. Jesus Correia, nascido em Paço de Arcos em 1924, cresceu entre o campo e o rinque. Jogava como extremo-direito no Sporting, cruzando com precisão milimétrica para os golos de Peyroteo. No hóquei, era ala ágil, veloz, com uma técnica que desconcertava qualquer adversário. Servia a pátria em duas frentes, sem exigir manchetes nem glória — apenas o direito de jogar.
Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor