Na Suécia, na Bélgica, nos Países Baixos ou em diversos estados norte-americanos, a liberdade de escolha na educação é uma realidade há décadas.
Nestes países, os governos confiaram nas famílias. O resultado foi claro: melhoria da qualidade média do ensino, proliferação de projectos pedagógicos inovadores e, sobretudo, maior justiça social, porque o financiamento público passou a seguir o aluno — e não a escola.
Em Portugal, continuamos reféns de um sistema que simula igualdade, mas perpetua desigualdades. O filho de uma família com meios escolhe onde estuda. O filho de uma família modesta é colocado onde calha — por sorteio, por zona de residência ou por falta de alternativa. E o mais preocupante é que o Estado português gasta actualmente entre 6.000 e 7.000 euros por aluno por ano — ou seja, cerca de 500 a 600 euros por mês, mesmo em escolas que não oferecem qualidade, nem resultados.
Com o valor que já hoje é gasto pelo Estado, poderíamos aplicar um cheque-educação de 500 euros por mês por aluno, permitindo às famílias escolherem livremente entre escolas públicas, privadas, cooperativas ou confessionais — sem que o contribuinte pagasse mais um cêntimo. E mais: fora da área metropolitana de Lisboa, a esmagadora maioria das escolas privadas e cooperativas pratica mensalidades muito inferiores aos 500 euros. Em grande parte do país, seria possível aumentar a liberdade de escolha e ainda poupar ao erário público.
Veja-se o caso da Rita, em Penafiel. O filho está numa escola pública marcada pela indisciplina, resultados fracos e falta de docentes. Ali ao lado, uma escola cooperativa cobra 300 euros por mês, oferece qualidade e estabilidade. Mas a Rita não pode escolher. O Estado, que gasta mais com aquele aluno do que ela precisaria, não lhe dá essa liberdade. Não por falta de verbas, mas por fidelidade a um modelo ultrapassado e ideologicamente blindado.
O papel do Estado deve ser claro: garantir o acesso universal, regular com exigência, fiscalizar com rigor — mas confiar nos cidadãos. Não cabe ao Estado escolher por todos. Cabe-lhe assegurar que todos possam escolher.
E o contribuinte português tem direito a saber: há uma forma mais justa, mais eficaz e mais barata de organizar a educação em Portugal. A liberdade de escolha, longe de ser um luxo, pode e deve ser uma conquista social — financiada com os mesmos recursos, mas com muito mais visão.
Dar liberdade às famílias é dar dignidade aos alunos.
Chegou a hora de romper com os mitos do passado.
E de construir, com coragem, uma escola livre, justa e responsável.
Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor