Viseu – Prostituição e droga

Há temas que os políticos evitam abordar como é o caso, da droga, prostituição e contrabando. Sabe-se sempre como entrar no problema, mas desconhece-se a solução e a única certeza é que não se sairá bem de modo que na dúvida todos procuram ignorar esses dramas sociais.

  • 19:10 | Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019
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Há temas que os políticos evitam abordar como é o caso, da droga, prostituição e contrabando. Sabe-se sempre como entrar no problema, mas desconhece-se a solução e a única certeza é que não se sairá bem de modo que na dúvida todos procuram ignorar esses dramas sociais.

As actividades ilegais como as citadas representaram 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal em 2018, o que corresponde a 804 milhões de euros, aproximadamente. Estas actividades passaram a ser contabilizadas desde 2014, quando a União Europeia decidiu que os seus Estados-membros deveriam conhecer o peso real das actividades ilegais, criadoras da chamada economia paralela.

Os valores em causa só por si já dão um panorama da dificuldade de combate a estas infecções sociais. Não dão votos, logo não interessam! Se nalguns países europeus estas actividades já se encontram legalizadas e regulamentadas, como o caso da prostituição nos Países Baixos, Alemanha, Áustria, Suíça, Grécia, Turquia, Hungria e Letónia, ou da diferenciação da droga em termos medicinais nalguns países, o facto é que na maioria o que vinga é a proibição, pelo que a necessidade de supervisão e controlo é indispensável sob pena de se tornar um flagelo social.


Viseu, à sua dimensão, não foge a este tema e o assunto não é de agora. Recorrentemente, as notícias vão dando nota de problemas com a prostituição, redes organizadas de tráfico de droga ou até de grupos organizados no contrabando. Presente na memória dos viseenses estarão ainda as parangonas da imprensa escrita e TV’s em 2013 aquando da prostituição numa conhecida zona residencial da cidade, apelidada até exageradamente como o Bairro Vermelho de Viseu e, logo associada injustamente à ideia de que seriam brasileiras que vinham das “favelas para as janelas”, o que como recordarão, a investigação veio a mostrar que, desde um elemento da GNR que promovia o lenocínio até portuguesas, ucranianas, etc. por ali faziam jus à lei de mercado, só há oferta havendo procura. O caminho neste campo passa pela legalização da profissão e até lá pela sensibilização junto de oferta e procura para a necessária reserva.

O bairro e os seus residentes não podem por via de uma minoria ver a sua liberdade coarctada a ponto de não poderem estar na rua sem serem incomodados ou, importunados a altas horas da noite pelo imbecil cliente que toca na campainha errada.

A autoridade policial neste campo, em termos de lei, está limitada no seu campo de acção, mas nada impede que uma maior presença física e a identificação regular de transeuntes desconhecidos no bairro seja dissuasora de problemas.

No campo da droga o assunto é tão mais grave quanto grave é a falta de recursos das autoridades para combater sem tréguas as redes de tráfego e os hábitos de consumo que se estão a instalar pela cidade.

Nas redes sociais há registos de várias e graves situações que são prova e indício de que a situação está de dia para dia a deteriorar-se. Há relatos e até mesmo várias intervenções da PSP em pleno dia no Parque da Cidade, há sinais de que no centro histórico o consumo já não está só ao nível da vulgar cannabis mas também que as drogas duras, como a heroína e cocaína, já tomaram conta daquele espaço, há registos de tráfico e um aumento de consumidores no Liceu e Escolas da cidade o que por arrasto tem trazido situações de maior violência e agressividade especialmente durante a noite onde nem a estátua de Aquilino Ribeiro ali no coração da cidade escapa!

É urgentíssimo neste campo estancar o flagelo com medidas activas e passivas, dando meios e apoiando a autoridade da PSP e GNR neste combate, sensibilizando executivos das escolas publicas e privadas do básico ao universitário para uma maior intervenção social neste campo e, até mesmo assumir politicamente uma mensagem mais agressiva como Rui Moreira, autarca do Porto, o tem já feito.

Meter a cabeça na areia e ignorar o assunto é que não se pode continuar a fazer sob pena de a situação se agravar de forma muito negativa no concelho.

O actual executivo parece ser pouco sensível a estes assuntos, mais virado para o mediatismo do evento festivaleiro e do momento laudatório do efémero, pelo que o crime, a droga e a prostituição encontram nesse vazio espaço fácil para se instalarem.

Só num combate conjunto mistura de dissuasão com sensibilização e pedagogia, envolvendo entidades várias com responsabilidade na matéria se poderá ter algum sucesso neste campo. Não se resolverá é facto, mas controlar e regular essas actividades ilícitas por forma a que não se tornem rotina e com isso arruínem vidas e destruam uma imagem de um colectivo, é necessário que todos os viseenses dêem o seu contributo de cidadania em reforço das autoridades e entidades.

A propósito, ainda existe o Conselho Municipal de Segurança?

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Publicado em Opinião