Os tristes paradoxos

Enquanto Hitler ultimava os preparativos para atacar a União Soviética e Estaline teimava em duvidar dessa intenção, o Secretariado da Propaganda Nacional lançou uma «revista portuguesa de arte e turismo» intitulada Panorama, que queria promover os avanços técnicos do País e celebrar as suas belezas naturais, exibir o porto de Lisboa e a felicidade rural […]

  • 12:08 | Segunda-feira, 22 de Julho de 2019
  • Ler em < 1

Enquanto Hitler ultimava os preparativos para atacar a União Soviética e Estaline teimava em duvidar dessa intenção, o Secretariado da Propaganda Nacional lançou uma «revista portuguesa de arte e turismo» intitulada Panorama, que queria promover os avanços técnicos do País e celebrar as suas belezas naturais, exibir o porto de Lisboa e a felicidade rural da Primavera, fotografar os campinos ribatejanos e exaltar o bom gosto e o pitoresco da nossa paisagem.

Desde Janeiro que a Emissora Nacional transmitia, nas noites de sexta-feira, o programa Conheça a Sua Terra com o fim de estimular nos portugueses «o gosto pelo conhecimento das belezas naturais e pelos documentos vivos da Arte, da Etnografia e do Folclore do nosso País».


Iria decorrer o segundo concurso das montras de Lisboa e o concurso das estações floridas. Este último pretendia estimular «a ornamentação das estações de caminho-de-ferro do Continente, com placas e canteiros ajardinados, vasos de sardinheiras, trepadeiras, etc.». Celebra-se a construção da estrada marginal do Estoril e Cascais. Hossana à «paisagem de Monsanto e das suas almas»! Prossiga a «campanha do bom gosto» nas estalagens e hotéis! Conjugue-se o antigo com o moderno! Faça-se de Portugal um reduto do passado e do futuro! Anda Portugal, mas não te mexas!

Nuno Rosmaninho

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Opinião