Maus Exemplos

Na segunda-feira Coimbra esteve no horário nobre da RTP1, num programa de televisão que já foi de debate e que agora é de entretenimento. Fiquei tão triste com aquilo que resolvi não ver mais. O assunto aborrece-me, confesso, e anda meio mundo a discutir coisas que têm a ver incumprimento da lei, e até (eventualmente) […]

  • 12:48 | Quarta-feira, 05 de Fevereiro de 2014
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Na segunda-feira Coimbra esteve no horário nobre da RTP1, num programa de televisão que já foi de debate e que agora é de entretenimento. Fiquei tão triste com aquilo que resolvi não ver mais. O assunto aborrece-me, confesso, e anda meio mundo a discutir coisas que têm a ver incumprimento da lei, e até (eventualmente) crime, misturando isso, de forma totalmente inaceitável, com algum tipo de atividade académica. Não tem nada a ver.
Só tem a ver com pessoas idiotas que não se sabem dar ao respeito, não fazem a mínima ideia do que é ser irreverente, ou desalinhado, ou sequer percebem o que é contestar, mas vestem uma capa e batina, e ao abrigo desse manto protetor, ofendem a liberdade de outros, dão azo a sentimentos e pensamentos racistas, indignos, intolerantes, anti-democráticos, anti-sociais, anti-académicos, anti tudo o que representam as centenas de anos de uma academia exemplar, e que com isso, e com o silêncio amedrontado de muitos, mancham a dignidade do nome de Coimbra.
Fiquei tão triste com aquilo que resolvi não ver. Infelizmente, mesmo neste assunto, no qual Coimbra poderia falar de cátedra, com bom senso, equilíbrio e dignidade, dando o exemplo, voltou a dar de si uma péssima imagem.
Esqueceram-se todos de algo que muita gente não compreende e, infelizmente consideram um enorme defeito, mas que é das coisas que só a experiência, o tempo, e a vida vivida são capazes de dar: a tranquilidade e a confiança para ser LIVRE. E isso vê-se no posicionamento, na capacidade de dizer não, mas também de dizer sim, na liberdade para levantar a mão e dizer “Peço a palavra…”, ou “não concordo” quando toda a gente concorda e o ambiente é adverso, na capacidade de ser radicalmente diferente, ousar ser melhor, e dar, de novo, exemplos que ficam na memória de quem passa por esta cidade e por esta academia.
Ficam os “maus exemplos” e é desses que todos se lembrarão no futuro quando a vida lhes pedir recursos que não têm. Nesse dia, o golpe de asa, aquilo impulso do fundo de nós próprios não vai estar lá, porque, de facto, faltou o exemplo. Esta gente não percebe, não percebe mesmo, a importância de dar exemplo e de quão determinante isso é para o nosso futuro.
(Consegui escrever isto sem dizer aquelas duas horríveis palavras, que contêm ambas um “X”; uma de 5 letras e que é usada para nomear todo o tipo de estupidez que por aí anda; e outra de 3 letras que para mim é sinónimo de (muito) mau exemplo.)

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Publicado em Opinião