DOIS ARTISTAS: A ANA E O PEDRO

    Raramente escrevo sobre individualidades, abro uma exceção, que confirma a regra, ao escrever sobre a Ana e o Pedro. Quero apresentar-vos dois artistas viseenses, de gerações distintas mas igualmente talentosos, cada um no seu ofício. A Ana é música e o Pedro é artista plástico. São duas referências em Viseu e, tenho a […]

  • 15:17 | Quarta-feira, 30 de Março de 2016
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Raramente escrevo sobre individualidades, abro uma exceção, que confirma a regra, ao escrever sobre a Ana e o Pedro. Quero apresentar-vos dois artistas viseenses, de gerações distintas mas igualmente talentosos, cada um no seu ofício.


A Ana é música e o Pedro é artista plástico. São duas referências em Viseu e, tenho a certeza absoluta, que o seriam em qualquer geografia. Inclusivamente, acredito que, se vivessem em urbes de maior dimensão, a sua genialidade seria potenciada e o reconhecimento público, nacional e internacional, estaria garantido. Viseu é uma cidade fantástica, sinto muito orgulho em viver e trabalhar neste bonito concelho, na melhor cidade para viver, na Cidade Jardim. Todavia, mesmo na era da globalização, não é fácil um artista de Viseu singrar e atingir um estatuto que o dignifique a si e à sua obra e o possa catapultar para o estrelato merecido.

Quem são a Ana e Pedro? Conheço ambos há muitos anos, mas, por (bons) motivos profissionais, tenho vindo a aprofundar o meu conhecimento acerca do Pedro Albuquerque e da Ana Bento.

Começo por dizer que são dois seres humanos por quem nutro respeito, consideração e admiração. Enquanto artistas, aprendi a admirá-los por uma dupla faceta que lhes é comum: a humildade e a versatilidade. Poder-se-á somar uma componente incomum a hiperatividade e qualidade criativas inerentes às suas produções artísticas.

Para vos apresentar o Pedro Albuquerque – ALBUQ – socorro-me de quem sabe da poda, passo a citar o crítico de arte José Luís Ferreira:

Autor, original e polifacetado, de uma obra incomensurável e heterogénea. É múltipla a diversidade temática identificável na sua obra plural, cujo percurso abrange, não só o desenho e a pintura, escultura e a cerâmica (em artefactos objectuais de culto e arte pública) como a arte gráfica (em diversas modalidades, destacando-se o cartaz, a ilustração, a iluminura e o lettris mearchaïque)”.

Porque uma imagem vale mais do que mil palavras, convido-vos a verem dois vídeos no YouTube: Pela Madrugada Adentro… ALBUQ (Vídeo-Performance) e Pela Madrugada Adentro II… Alexandre Siqueira Featuring ALBUQ (In Miles Davis).

A sua qualidade já o levou aos Estados Unidos duas vezes onde apresentou dois trabalhos, um que retrata os atentados de 11 de setembro às Torres Gémeas e a obra “IN DELIRIUS” de D. Quixote em homenagem aos 400 anos da morte do seu autor Miguel de Cervantes, a convite do Centro de Estudos e Cultura Portuguesa da Universidade de Massachusetts Dartmouth em parceria com o New Bedford Whaling Museum e o Consulado Português de New Bedford.

Das obras mais recentes, destaco o trabalho inspirado no álbum Aura de Miles Davis que deu o nome à coleção e Aquilino Sem Palavras.

A Ana Bento ficou-me para sempre na memória, após a dinâmica que empregou num workshop de Jazz para crianças. Quem trabalha com crianças, sabe quão difícil é captar-lhes a atenção e mantê-los motivados durante uma sessão de trabalho. A Ana foi impecável, um exemplo a seguir, no que concerne à pedagogia utilizada, e uma entusiasta das sonoridades que muitos terão ouvido pela primeira vez. Fundou a Associação Gira Sol Azul na qual desenvolve vários projectos como Tatatibato, Orquestra Criativa, Orquestra (In) fusão e A Voz do Rock. Quero destacar o projeto artístico e, na minha óptica, também de intervenção social, A Voz do Rock, “uma performance musical encenada que, acima de tudo, celebra o prazer da partilha musical, inspirado no projeto americano Young@Heart. Notável! Parabéns!

A Ana Compôs, interpretou e dirigiu ao vivo a música de vários espectáculos e performances e colabora em projectos do serviço educativo da Casa da Música (Porto). Integra também a formação de algumas bandas, como os Tranglomango e os Cabeça de Peixe. No último domingo tive oportunidade de os ver e ouvir ao vivo na apresentação do seu novo álbum intitulado Lodo.

Tenho um sonho, ver, ao vivo, uma performance em que o Pedro pintasse e a Ana tocasse e cantasse. Se lerem este texto, lanço-vos o desafio, Ana e Pedro, brindem-nos com um trabalho conjunto. Consigo imaginaras cores do Pedro a serem misturadas ao ritmo do som do saxofone da Ana.

De Viseu para o Mundo, dois nomes comuns, dois artistas incomuns: a Ana e o Pedro.

Nota: A foto de PA é de nossa autoria. A de AB, cujo autor ignoramos e veio com o artigo, tem DR.

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Publicado em Opinião