Discurso do Presidente da República no 10 de Junho de 2015

  O discurso de 10 de Junho de Cavaco Silva foi, eventualmente, o último momento de grande projeção mediática, antes das próximas eleições legislativas. Um momento, a meu ver, desperdiçado. O Chefe de Estado podia ter aproveitado para passar, como tentou fazer, uma mensagem de confiança e de otimismo no futuro sem, porém, ter sido […]

  • 6:32 | Segunda-feira, 15 de Junho de 2015
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O discurso de 10 de Junho de Cavaco Silva foi, eventualmente, o último momento de grande projeção mediática, antes das próximas eleições legislativas. Um momento, a meu ver, desperdiçado.

O Chefe de Estado podia ter aproveitado para passar, como tentou fazer, uma mensagem de confiança e de otimismo no futuro sem, porém, ter sido o eco do Governo. Também podia ter sido mais assertivo na escolha do tema, abordando uma temática que estivesse no centro das necessidades dos portugueses, como as opções europeias, a justiça, as desigualdades sociais, o Estado social, a crise bancária, entre outras. Não optou, porém, por nenhum destes rumos. E o discurso do Presidente tornou-se um desastre, sob o ponto de vista das expectativas dos portugueses, fragilizando ainda mais a sua imagem.


A um Presidente, neste dia de comemorações do “Dia de Portugal” e face ao atual quadro político, solicitava-se que unisse e mobilizasse os portugueses. Não foi o caso. O Presidente escolheu um caminho de excessiva colagem às teses da maioria do PSD e CDS-PP. Ao afirmar que a crise acabou, que chegámos ao fim das reformas com êxito, que existem sinais positivos na economia portuguesa, o Presidente apresentou um discurso idêntico ao da coligação. Ora, esta forma de encarar tão positivamente o país e o facto de tentar deixar a ideia de que o Governo tem resolvido com mérito os problemas demonstra bem como, ao longo desta legislatura, o Presidente da República tem sido o suporte político do Governo.

Contudo, esta visão otimista do Presidente face ao desempenho deste Governo não faz muito sentido. A abordagem é realizada no abstrato, porque ignora os problemas e as dificuldades causadas pela austeridade. A questão social continua a ser desconsiderada, minimizando a questão do desemprego, que ainda é muito elevado, de o nível de pobreza ter aumentado, de as condições de vida da classe média terem diminuído. Acresce o facto de que estamos em período de pré-campanha, pelo que o Presidente devia ser mais prudente e não fazer um discurso tão parcial e tendencioso como aquele que proferiu.

 

 

 

 

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Publicado em Opinião