BRINCAR COM O FOGO

  Terminar a semana de trabalho a ouvir Aline Frazão, num concerto a solo, na ACERT em Tondela, foi um privilégio. A sua voz quente e melodiosa, associada a uma simplicidade desarmante, foram as pedras de toque que conquistaram o público, mergulhado num ambiente intimista, que vivenciou uma noite plena de emoções, sonoridades, melodias, palavras, […]

  • 11:11 | Terça-feira, 20 de Março de 2018
  • Ler em 2 minutos

 

Terminar a semana de trabalho a ouvir Aline Frazão, num concerto a solo, na ACERT em Tondela, foi um privilégio. A sua voz quente e melodiosa, associada a uma simplicidade desarmante, foram as pedras de toque que conquistaram o público, mergulhado num ambiente intimista, que vivenciou uma noite plena de emoções, sonoridades, melodias, palavras, pensamentos, mensagens, histórias…  

Satisfeito por não ter desperdiçado a oportunidade de ouvir uma das vozes angolanas que maior notoriedade tem vindo a conquistar, desci ao bar para tomar um café antes de iniciar a viagem de regresso a casa. Eis que, como que surgindo do nada, aparece um homem com uma farda e capacete de bombeiro a tocar concertina. Ao aproximar-se, enquanto tocava, reconheci o ator Pompeu José. Onde há fumo há fogo…. Eis que estava prestes a começar o Café Com Teatro. Os atores Pompeu José, Raquel Costa e Sandra Santos apresentaram a peça “Fogo” – “Um espetáculo quente e animado”.


Se é verdade que “Quem brinca com o fogo queima-se”, esta representação procura através do humor associado ao fogo combater as marcas profundas, provocadas pela tragédia vivida com os incêndios de outubro de 2017, como afirma o ator, encenador e dramaturgo Pompeu José ao Público: “O humor acaba por nos salvar, por desmontar a realidade (…) temos de conseguir brincar com isto.”

As personagens estão muito bem construídas, caricaturando algumas personagens chave que habitualmente estão no “teatro de operações” dos incêndios – bombeiros; jornalistas; governantes…

Rir é o melhor remédio, os atores que nos fazem rir não quererão apagar das nossas memórias os trágicos acontecimentos, que tantas vidas levaram e transformaram a paisagem num manto negro e profundamente triste, pretenderão, isso sim, ajudar a superar e a enfrentar o futuro, se possível sem a repetição de tamanho flagelo, nesta ou noutra geografias.

O mote já tinha sido dado, a 24 de fevereiro, com a inauguração da exposição de fotografia de Miguel Valle de FigueiredoCINZAS – que poderá ser visitada até 31 de março, na Galeria ACERT:

Depois dos incêndios, o olhar de um fotógrafo perante a devastação, um modo de não deixar que a memória se perca.”

Pode ler-se no sítio da ACERT: “O projeto fotográfico documental agora apresentado, pretende ser um contributo para que a memória das consequências dos incêndios de 15 de outubro de 2017 não se apague e uma modesta ajuda para aqueles que mais diretamente sofreram os seus efeitos.”

Caro leitor, se tiver oportunidade não deixe de visitar a Exposição de Fotografia CINZAS e de assistir à peça de teatro FOGO, seja também um avivador de memórias para que não se apague a chama da reconstrução, da reflorestação, da prevenção, da coordenação e do combate aos incêndios. A todas as mulheres e a todos os homens que arriscam as suas vidas para nos protegerem: BEM HAJAM!

 

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Opinião