A falta de vergonha de certos políticos

Estive em funções públicas, como Presidente da CCDRC no 1º semestre de 2012. Foi um período traumático que me mostrou a face de muitos dos que andam na vida pública, a sua ausência de caráter e de princípios.

  • 10:30 | Quarta-feira, 23 de Maio de 2018
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Estive em funções públicas, como Presidente da CCDRC no 1º semestre de 2012. Foi um período traumático que me mostrou a face de muitos dos que andam na vida pública, a sua ausência de caráter e de princípios. Estou perfeitamente convencido que o estado do país resulta disso mesmo: muito má qualidade humana, moral e de caráter de muitos dos que dizem que servem a causa comum. Ainda hoje, passados 6 anos, fico abismado com a total ausência de dimensão de muitos dos que encontrei a gerir o interesse público.

Os buracos que todos vamos pagando, sem refilar, não são azares. Disso podem ter a certeza.

Nessa altura decorria um processo doloroso e muito complicado de limpeza e reprogramação estratégica do QREN. As propostas do Governo de Pedro Passos Coelho, que eram da responsabilidade do seu Secretário de Estado da Economia, eram muito gravosas para a Região Centro. Fiz o meu papel, proativo. Mostrei a todos qual era o impacto dessa reprogramação na Região Centro e nos vários projetos planeados e em curso. Exerci a influência que podia (e a que não podia). Fui, confesso, para além dos limites em defesa da minha região (pensei que era esse o meu dever). Consegui evitar o desastre, mas pessoalmente acabei num beco sem saída (por ter feito oposição frontal ao então Secretário de Estado da Economia, defendendo os interesses da Região Centro – o que inclui Viseu) que só tinha um caminho: a demissão.


Ficou muito claro que era isso que me era exigido. Ficou muito claro que colocava isso como condição.

Ficou muito claro que não tinha apoio da tutela, nem de quem me tinha convidado para exercer aquela função.

Os jornais da altura refletem bem o drama que vivi. Mas quando se luta por algo maior, a nossa sorte pessoal não conta. Sempre acreditei que primeiro está o país e a circunstância pessoal de cada um não tem a menor importância.
, a reação do ex-Secretário de Estado é completamente diferente. Quando era governante, não queria saber da Região Centro, de Viseu, nem de qualquer dos municípios da região. . Há pessoas que não têm nenhuma vergonha, vivem da falta de memória dos outros e constroem narrativas para parecerem aquilo que não são.

Em 2012 disse-lhe na cara, em frente a todos os presidentes de câmara da região, o que pensava e o que achava justo sobre a proposta de reprogramação. E, ao contrário do que ele pretendia, consegui proteger a região (o facto de me ter demitido, depois de falta de apoio de uma Ministra muito fraca e de um Primeiro-Ministro desinteressado, não tem a menor importância). Hoje, sem nenhum respeito por este tipo de gente que só pensa em si próprio e na sua vidinha, afirmo que Portugal precisa de se ver livre destes personagens, que desgraçam o país e não permitem que seja aquilo que todo este imenso povo merece e deseja.

E recomendo-vos a todos: não se deixem enganar.

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Publicado em Opinião