Quando Almeida Henriques fala em circo, ele conhece a matéria…

    A estupenda e luminescente crónica semanal de Almeida Henriques no CM deixa-nos sempre atordoados, como se estivéssemos em pleno Cirque du Soleil. O título é-lhe assaz familiar “Um espectáculo”, pois tem sido o que melhor tem feito no seu mandato. Depois fala da estupefação dos portugueses perante “um circo de camiões-cisterna a carregar […]

  • 16:05 | Terça-feira, 21 de Novembro de 2017
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A estupenda e luminescente crónica semanal de Almeida Henriques no CM deixa-nos sempre atordoados, como se estivéssemos em pleno Cirque du Soleil.
O título é-lhe assaz familiar “Um espectáculo”, pois tem sido o que melhor tem feito no seu mandato. Depois fala da estupefação dos portugueses perante “um circo de camiões-cisterna a carregar água de um sítio para o outro para responder à falta de água na região de Viseu.
Com algum irónico cinismo, acrescenta “O cenário é inédito, suscita curiosidade e ganhou honras de frequentes visitas governamentais e diretos televisivos a toda a hora. Fagilde tornou-se subitamente um destino!
Mas não tem sido este indivíduo a clamar a microfones, câmaras e jornalistas atarantados toda esta patética realidade e a fazer dela o seu “show-off” quotidiano?
À saciedade referiu o assunto, contou os quilómetros de camiões-cisterna, os milhões de litros de água, os comboios que trariam mas não trouxeram a água… Provavelmente, esqueceu-se. A desmemória é leira onde tem cultura fértil…
Mais adiante lavra mais dois períodos ricos em perfídia e “tanga”; ou seja, passando as mãos afagantespelos bombeiros – talvez aqueles, municipais, que se queixavam da má qualidade das refeições – para desaguar numa moral que lhe é escassa, mas que lhe aliviará a consciência intranquila.
As palavras até ficam bem, têm bom som, mas fraco conteúdo, na boca ou na pena de quem vê na água um negócio privado de milhões…
Ver bombeiros a descarregar cisternas de água numa albufeira seca deveria envergonhar, em vez de aliviar consciências. A falta de água na região de Viseu tem uma explicação evidente: falta de investimento público no tempo certo.
Depois dos costumeiros disparates – este homem ora diz uma coisa ora o seu contrário, ávido que anda de “receber uns tonéis de massa” — volta a falar do que melhor sabe, conhece, pratica e apregoa:
Infelizmente, o país mediático rebola-se com toda esta animação, mas nunca se lembra de resolver as causas que estão na origem dos problemas. Pode ser que aprenda.”
Infelizmente, se este concelho, se este distrito aprendesse… não tinha que lhe aturar os disparates constantes, no entreacto das festarolices vínicas, onde se gastam quantias despudoradas e confidenciais.
Alterna, este autarca, entre os eventos dionisíacos e a lamúria mediática, numa intermitência de pisca-pisca constrangedora, confrangedora e hipócrita.
Bem prega Frei Tomás o que ele próprio não faz. Ou se preferirem: Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço…

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