O desenvolvimento sustentável há mais de dois séculos

Alexander von Humboldt (1769-1859),barão berlinense foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, botânico, vulcanólogo e humanista… A sua sede de saber leva-o a embarcar no Pizarro na Corunha em 5 de junho de 1799. Este investigador vai com destino ao continente americano e desde a Venezuela, ao México, a Cuba, ao Peru, aos Estados Unidos… onde […]

  • 11:11 | Segunda-feira, 30 de Setembro de 2019
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Alexander von Humboldt (1769-1859),barão berlinense foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, botânico, vulcanólogo e humanista…


A sua sede de saber leva-o a embarcar no Pizarro na Corunha em 5 de junho de 1799. Este investigador vai com destino ao continente americano e desde a Venezuela, ao México, a Cuba, ao Peru, aos Estados Unidos… onde passa, com olhos de ver, analisa, crítica e cientificamente tudo o que o rodeia. Leva-o uma ambição: a de descobrir a interacção das força da Natureza e as influências que o ambiente geográfico exerce sobre a fauna e a flora.

A sua longa viagem de muito milhares de quilómetros chega ao fim, em Bordeaux, a 3 de agosto de 1804.

Nela baseado publica:

Le voyage aux régions equinoxiales du Nouveau Continent, fait en 1799-1804

Relevo para algumas de entre tantas conclusões a que chegou:

De todas as religiões nenhuma mascara tanto a infelicidade humana como a religião cristã. Quem visitar os desgraçados americanos sujeitos ao chicote dos frades, não quererá voltar a saber mais nada sobre os europeus e a sua teocracia (…)

As conquistas dos Estados Unidos entristecem-me muito. Desejo-lhes o que há de pior no México tropical. E melhor seria que ficassem em casa, em vez de difundirem a sua louca escravidão (…)

Na ilha Uruana, no rio Orinoco os indígenas não apanham boa parte dos ovos que as tartarugas deixam na praia, para que a reprodução continue. Os europeus não imitaram esse costume benéfico e a sua voracidade condenou à extinção uma riqueza que a natureza pusera ao alcance da mão (…)

As águas, no lago venezuelano de Valência baixam porque as plantações coloniais arrasaram os bosques nativos. As velhas árvores atrasavam a evaporação da água da chuva, evitavam a erosão da água do solo e garantiam o equilíbrio harmonioso dos rios e das chuvas. O seu assassinato é a causa das secas ferozes e das inundações difíceis de conter. E não só o lago Valência. Todos os rios da região estão cada vez menos caudalosos. A cordilheira está desflorestada. Os colonos europeus destroem os bosques. Os rios secam durante uma boa parte do ano e quando chove na cordilheira transformam-se em torrentes que arrasam os campos…

Afinal, Bolsonaros & Companhia não descobriram a pólvora seca. Limitam-se a seguir os “bons” exemplos dos colonos europeus, entre outros. Portugal e a Espanha ensinaram bem a lição e deixaram bons discípulos.

Paulo Neto

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