Eu, pecador, confesso…

      … andar desatento às crónicas de terça-feira, no inefável CM, do meu “colega” de escrita, António Almeida Henriques. Só tenho a lastimar, em termos culturais, pois cada “peça” perdida é um irreparável dano para a consubstanciação da minha vitamina neuronial. Ontem lembrei-me e lá fui ao café do canto ler a luminosa […]

  • 10:37 | Quarta-feira, 30 de Maio de 2018
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… andar desatento às crónicas de terça-feira, no inefável CM, do meu “colega” de escrita, António Almeida Henriques.
Só tenho a lastimar, em termos culturais, pois cada “peça” perdida é um irreparável dano para a consubstanciação da minha vitamina neuronial.
Ontem lembrei-me e lá fui ao café do canto ler a luminosa epístola.
Desta feita, só o título merecia benzedura: “Fé sem obras”, citando um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, o mártir S. Tiago. Louvando os sãos desígnios que ainda trará da catequese (ou será da Wikipédia?), lá nos conduzimos ao google, para melhor percebermos a citação:
“A Bíblia diz que a fé sem obras é morta porque a verdadeira fé salvadora produz uma mudança na vida de quem crê. A velha vida não pode continuar. A pessoa salva por Jesus tem o coração voltado para o bem e isso se reflete em sua vida.
Tiago 2:17-19 diz que as obras dão vida à fé. São as nossas obras que provam que temos fé em Jesus. Sem obras que revelam uma vida dedicada a Deus, a fé é inútil.”
Posto isto, e porque nestas andarilhanças meter um Santo ao barulho fica sempre muito bem, lembremos que já o Pe. António Vieira o fazia com muita utilidade para se salvar das malhas da Inquisição…, voltámos à lavrada leira, onde o nosso “Fernão Lopes beirão” logo passa do Santo, para, com muita pertinência semântica, chegar “ao purgatório das boas intenções”, que é nem mais que “uma certa política portuguesa”. E tal,  para entrar de fininho a farpear na “defesa do Interior”, segundo ele — o excluído do Movimento — algo semelhante a “boas intenções sem consequência”, para enfim concluir que o Governo nada faz, depois “das tragédias inqualificáveis que assolaram os territórios da interioridade”, pois, segundo o cronista “Em política, o tempo é primordial.”

(Ufa, que isto não é fácil…!)

Aqui ficámos na dúvida se a referência ao “tempo” era ao da meteorologia; calor, incêndios, seca, camiões cisterna… que tantas e tão apuradas páginas lhe renderam, se era ao tempo de Cronos.
E se a este se referia, muito lhe aplaudimos a asserção, no entendimento da meia dezena de anos que já leva como “capitão do team” camarário viseense, com muito adjectivo na obra a fazer e nenhum substantivo que se veja na obra feita.
Eu que sou menos entendido em hagiografia, ou biografia de santos, remeto-me ao “Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz.
Mas adiante que a pesporrência de cada um, a cada um respeita e voltemos à “cronicazinha“, atentando no início da 2ª coluna onde se destaca ao que vem o escriba, à lamúria do costume, à angústia que tanto o aflige: “a reprogramação dos fundos comunitários Portugal 2020”.
Ele não vê os “sinais”… e o que lobriga é “o vazio clamoroso”. Alexandre Herculano terá corado de inveja!
Pois, até há por aí quem diga que esse “vazio clamoroso” já chegou aos cofres do executivo e que a dívida começa a crescer de forma insustentável, à desmesurada dimensão de muitas dezenas de milhões.
O que, em boa verdade, nos recusamos a crer, pois sem obra feita, onde se poderá gastar o $$$ que Fernando Ruas deixou?
E aqui sim, adregamos a entrar na essência do título “Fé sem obras”, ou seja, será o mesmo que dizer… um Executivo que não faz obra é um executivo inútil, bastando para tal pegarmos na frase de São Tiago e adaptá-la ao município de Viseu, como o cronista a adaptou ao governo da Nação: “Sem obras que revelam uma vida dedicada a Deus, a fé é inútil.”… e substituirmos “Deus” por “autarquia” para concluirmos que não há “Fé” que o (nos) salve de tanta inerte quanto inócua verborreia.


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