Almeida Henriques e a História da Carochinha

Desta feita, em dia de Entrudo, a crónica do meu “colega de escrita”, Almeida Henriques, fala-nos de tabus. Fomos ao estimável Dicionário Houaiss e encontrámos nada menos que 10 entradas para o sugestivo título. Em benefício de dúvida e para não recorrermos a seitas e seus hábitos, que essas são às dezenas e parecem explodir […]

  • 11:29 | Quarta-feira, 14 de Fevereiro de 2018
  • Ler em 3 minutos

Desta feita, em dia de Entrudo, a crónica do meu “colega de escrita”, Almeida Henriques, fala-nos de tabus.

Fomos ao estimável Dicionário Houaiss e encontrámos nada menos que 10 entradas para o sugestivo título. Em benefício de dúvida e para não recorrermos a seitas e seus hábitos, que essas são às dezenas e parecem explodir diariamente em cada bairro, cingimo-nos “ao proibido por crença de ordem sobrenatural”…

Então, o “colega” introduz a “coisa” para nos confirmar que “a política portuguesa sempre foi pródiga em tabus”. Nada que ignoremos, sem ir mais longe e desde os de Cavaco aos de Coelho, eles foram uma dúzia, pelo menos.


Mas vem a ejaculatória a propósito da ferrovia – não desta feita, não  são as “bichas” dos camiões cisterna, aos quilómetros, nem o IP3 que tarda em ser pintado pelos funcionários da edilidade, como prometido, mas sim a rede ferroviária portuguesa e a falta de investimento no seu crescimento.
Bom, Sócrates queria o TGV (train grande vitesse) mas… segundo o plumitivo, esse investimento “do lado de cá continua adiado e amputado”, por comparação aos “milhares de milhões” investidos pelos “nuestros hermanos” no sector.
Portugal tem sido um procrastinador”, reitera o Júlio Dinis das Beiras. Como a palavra é cara, desta feita, por causa da publicidade, fomos à Wikipédia que nos esclarece “Procrastinação é o diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está a procrastinar, isso resulta em stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com as suas responsabilidades e compromissos. Embora a procrastinação seja considerada normal, torna-se um problema quando impede o funcionamento normal das ações. A procrastinação crônica pode ser um sinal de problemas psicológicos ou fisiológicos.”… e logo ficámos de dúvidas tiradas: Portugal tem afinal problemas psicológicos ou fisiológicos que o impedem de cumprir responsabilidades e compromissos.
Os mesmos compromissos e responsabilidades que o governo PàF, de Coelho e Portas, onde o escriba pontificou como secretário de Estado-de-qualquer-coisa, tendo como assessor o professor universitário Jorge Sobrado, hoje, o “manda-chuva” de Viseu, proscratinou alarvemente.
A memória dos políticos é curta e muito atreita a amnésias de conveniência…
“O desenvestimento e o encerramento das ferrovias no Interior foram um erro histórico e aceleraram fenómenos de despovoamento e desertificação”, (agora apanha o comboio da desertificação do interior que o seu amigo Álvaro Amaro lhe tirou das mãos) escreve o de cujus. E muito bem. Mas a culpa foi de quem? Se bem me recordo, onde prantaram a “fonte luminosa” na Avenida da Europa que vai até Abraveses… – talvez seja esta a visão do executivo de AH e do seu antecessor que, apesar de tudo, por ela seguiu até à doirada sinecura em Bruxelas – aí existia a Estação da CP. Ou não? Quem a tirou?
Quase para fechar com chave de oiro, AH apela à “nova liderança  do PSD”, exactamente aquela que ele combateu empenhada e apaixonadamente, apoiando Santana Lopes, de quem foi mandatário nacional (frequentemente, nas corridas, aposta-se no “cavalo errado”…)  escrevendo ele que é com essa que se deve “dialogar verdadeiramente”. Remata a falar de “histórias da carochinha”, que aqui lembramos no seu início e fim:
 
Era uma vez uma linda Carochinha que queria muito casar mas não tinha dinheiro. Um dia, estava a varrer a cozinha e encontrou uma moeda de ouro. Toda contente, foi comprar um vestido novo e pôs-se a cantar à janela:
-Quem quer casar com a Carochinha, que é rica e bonitinha?
(…)
Como todos ainda recordamos, o sortudo foi o João Ratão que teve sorte de pouca duração, o guloso, que com a gula, ao tentar provar os feijões que coziam no caldeirão, escorregou e caiu lá dentro, ficando o João Ratão cozido e assado dentro do caldeirão…
Por vezes, Almeida Henriques faz-me lembrar o João Ratão da, por ele invocada, História da Carochinha…
De que vale pedir o que tudo queremos, quando todos sabemos que o dinheiro não existe? Até eu gostaria de trocar o meu velho Peugeot por um Porsche, mas…não tenho tempo!
 
(Fotos DR)

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Editorial