Portugal = Caos & Miséria

    6.000 –» o tristemente elevado nº de famílias que aumentaram o ranking das que deixaram de pagar o crédito à habitação. Esta enormidade é, de facto, o espelho inequívoco do estado do país e a qualidade prática, concreta, indesmentível da acção de um governo casmurro, cego, surdo e cruel. Só não é mudo […]

  • 11:01 | Quarta-feira, 13 de Agosto de 2014
  • Ler em 2 minutos

 

 

6.000 –» o tristemente elevado nº de famílias que aumentaram o ranking das que deixaram de pagar o crédito à habitação. Esta enormidade é, de facto, o espelho inequívoco do estado do país e a qualidade prática, concreta, indesmentível da acção de um governo casmurro, cego, surdo e cruel. Só não é mudo porque labieta é o que mais tem para dar caução nobre a reais cínicos, para torcer as palavras até os seus discursos indecorosos se tornarem virtuosos, para fazer da semântica um acto de ilusionismo e de prestidigitação. A arte dos ilusionistas e dos carteiristas.


Quando em tão exíguo tempo 6.000 pessoas deixam de ter posses para pagar o crédito à habitação, esse derradeiro reduto do equilíbrio familiar, esses cidadãos sabem que o próximo passo é a penhora do seu lar e a acção de despejo. São mais 6.000 novos-pobres sem um tecto para os abrigar, agregados familiares que multiplicam esse imoral número por dois, por três, por quatro, por cinco… em média, mais 20 mil pessoas desalojadas. Para onde vão viver? Partida a auto-estima, despedaçada a credibilidade, esmagado o direito inalienável à dignidade humana, serão mais 20.000 seres humanos marginalizados por uma sociedade neo-liberal impante da sua devastadora capacidade de prestar um exemplar serviço aos mercados para quem verdadeiramente trabalha e de quem é rastejante serviçal.

Qualquer país onde os princípios básicos da democracia imperam, em primeiro lugar estão os seres humanos. Com Passos Coelho as pessoas não existem. São números insignificantes. Seres cilindráveis tornados da noite para o dia em párias sociais.

Depois, como é bom de ver, de uma sociedade não afectiva, não se pode esperar o “peace & love, bro!”. Pode-se esperar, isso sim, a crescente miséria, material, física, moral e o crescimento exponencial da violência, da prostituição, da toxicodependência, da conflitualidade doméstica, dos suicídios, etc.

Não é por acaso que os dados revelam que as instituições de reinserção social não têm já lugar para acolher mais jovens em risco. Também não é por acaso que em cada dia que passa há mais idosos abandonados pelas famílias nos hospitais.

Afinal que sociedade é esta, a construída por Passos Coelho? Uma monstruosidade onde o ser humano foi espoliado dos seus mais básicos e inalienáveis direitos e onde de seres dignos, coluna vertebral quebrada, se fazem todos os dias escravos da dívida.

Parabéns, Coelho!

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Editorial