Vampiros do sangue

A edição 623, comemorativa dos 12 anos do Jornal do Centro, informa que “O Hospital de Viseu gastou no ano passado cerca de meio milhão de euros na compra de sangue ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST).”       Surgem frequentemente notícias de falta de sangue. Segundo os responsáveis, esta carência resulta do menor […]

  • 17:08 | Domingo, 23 de Março de 2014
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A edição 623, comemorativa dos 12 anos do Jornal do Centro, informa que “O Hospital de Viseu gastou no ano passado cerca de meio milhão de euros na compra de sangue ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST).”      

Surgem frequentemente notícias de falta de sangue. Segundo os responsáveis, esta carência resulta do menor número de dadores e do incremento de cirurgias. Vão também surgindo algumas controvérsias quanto aos putativos negócios que envolvem o sangue e o plasma. Como qualquer outro produto, quando a oferta diminui, o preço e a margem de lucro aumentam.

Quando o tema é saúde e, no limite, a vida humana, repugna-me a “negociata”.


Mas, tudo parece ser negócio, até o sangue…

Há cerca de um ano, ao assumir funções na direção de uma Instituição Particular de Solidariedade Social, encetei alguns contactos no intuito de ajudar a angariar dadores de sangue e promover campanhas de recolha junto dos nossos associados. A tentativa de contacto com o IPST por correio electrónico foi infrutífera. Não desisti, resolvi telefonar. Várias tentativas depois, lá cheguei à fala com uma senhora que, após alguns entraves, lá me disse que seria, posteriormente, contactado. Até hoje…nada…

O sangue continua a ser um bem escasso, mas a recolha, ao que parece, é bastante criteriosa…

Fiquei estarrecido com a campanha À tua conta vai haver sangue”, organizada em parceria entre a cadeia televisiva FOX e o Instituto Português do Sangue. Os promotores acreditaram que os zombies poderiam inspirar nos jovens o desejo de dar sangue, em função do enorme sucesso da série de mortos-vivos “The Walking Dead“. A campanha apoiou-se na instalação de uma “Walking Dead Blood Store“, no Dolce Vita Tejo, na Amadora, e as dádivas foram a “moeda de troca” para produtos exclusivos alusivos à série.

Se o filme de Mark Waters, apresentado no Fantasporto, “Academia de Vampiros” tiver sucesso, nem quero imaginar a próxima campanha…

Compreendo, agora, que há interesses que o cidadão desconhece (?) e que alimentam teias bem urdidas.

Porque já é tarde, vou colocar os headphones e adormecer com o ecoar da mensagem guardada: “É a economia, estúpido!”

Os vampiros precisam de sangue para viver, nunca mais me irei esquecer.

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Publicado em Opinião