Ser Leal à Democracia e à República

A melhor forma de governarmos o que é de todos, é que todos escolhamos quem nos governa. Tratar este processo com ligeireza é o pior que podemos fazer, e isso tem especial gravidade quando é feito pelos partidos políticos.

  • 19:01 | Quinta-feira, 14 de Setembro de 2017
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Qualquer cidadão que se proponha ser eleito para gerir a coisa pública só pode dever lealdade aos princípios apregoados em campanha eleitoral – que não sendo hipócrita deverão ser os seus princípios – e, portanto, aos cidadãos eleitores (independentemente de terem votado ou não em si), já que, em caso de ser eleito, ficará a ajudar a gerir a rês pública em seu nome.

Lealdade também e obviamente – até pela origem etimológica da palavra -às Leis da República. O respeito integral pela legalidade é condição essencial e nunca vi ninguém prometer fazer o contrário – bem sei que há quem faça precisamente o contrário de forma deliberada, mas isso são outros quinhentinhos!

Lealdade a pessoas só deverão ser devidas de forma colateral e se esses indivíduos respeitarem os preceitos antes enunciados. Unanimismos e clubismos partidários dão maus resultados e distorcem a democracia e são prejudiciais aos próprios clubes e partidos.


Quando um cabeça de lista, ou outro qualquer elemento, não é leal com o povo que o elegeu, com a ordem jurídica em vigor e com as suas próprias promessas, praticando o contrário do que prometeu ou quando na sombra atropela a legalidade em proveito próprio, é imperioso pela defesa da democracia que se aponte, denuncie e quebre qualquer pacto de “lealdade” feito. Não o fazer, apanhando o comboio da corrupção, da mentira, da artimanha – ou qualquer outro semelhante – é que é lamentável e elucidativo. Apanhá-lo em andamento, depois de alguns anos de animação, só serve de agravante. Ou então é apenas e só a demonstração de que nos propomos a ser meros fantoches de um chefe/patrão, conceito que num sistema verdadeiro democrático, que lute por uma democracia transparente e plural, não pode ter lugar.

Nestas circunstâncias deveria ser normal e imperioso que qualquer eleito se demarcasse e ficasse do lado daquilo que é vendido em campanhas eleitorais a todos os cidadãos. Não o fazer é ser conivente com ilegalidades, deslealdades (aquelas que considero relevantes e que referi) e com a própria democracia pois estará a contribuir para a sua descredibilização junto dos cidadãos – que normalmente é expressa por um depreciativo “os políticos são todos iguais”.

A melhor forma de governarmos o que é de todos, é que todos escolhamos quem nos governa. Tratar este processo com ligeireza é o pior que podemos fazer, e isso tem especial gravidade quando é feito pelos partidos políticos.

Claro que podem os partidos políticos fazer de conta que não sabem, não conhecem, referir que “a política é mesmo assim” e depois simular uma qualquer lei mais ou menos castradora da liberdade individual de cada um, dizendo que a malta não vota porque está bom tempo e foram à praia ou porque o Sporting joga com o Porto.

É chato o Jorge Jesus ter mais tempo de antena num domingo de eleições do que um conjunto de demagogos? É a democracia que tens ajudado a construir, com mentira a rodos, falta de respeito pelos cidadãos, demagogia ad nauseam, “universidades” de verão, estúpido! Habitua-te!

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Publicado em Opinião