O princípio do excesso de trabalho

Há cada vez menos trabalho, mas quem o tem está-lhe determinante e excessivamente submetido.  Há dias li algures sobre um estudo realizado pela OCDE, que confirma que mais de metade dos trabalhadores trabalham mais de 54 horas semanais, e nesse mesmo estudo Portugal constava no gráfico sobre a cultura que tem vindo progressivamente a instalar-se […]

  • 21:56 | Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2018
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Há cada vez menos trabalho, mas quem o tem está-lhe determinante e excessivamente submetido. 

Há dias li algures sobre um estudo realizado pela OCDE, que confirma que mais de metade dos trabalhadores trabalham mais de 54 horas semanais, e nesse mesmo estudo Portugal constava no gráfico sobre a cultura que tem vindo progressivamente a instalar-se na sociedade, a cultura do excesso de trabalho.

Sair a horas nem pensar, mesmo que seja às 18h, é sempre mal visto entre os colegas e o chefe. Ainda no outro dia liguei a uma amiga/colega, advogada numa grande sociedade de Advogados que me confidenciou que trabalhava mais de 12h por dia, e que o melhor dia era a sexta-feira que conseguia sair sempre as 21:30h do escritório…


O sucesso significa quase obrigatoriamente passar mais tempo no trabalho. E para quem mora a 30 km do trabalho, vai ao ginásio, prepara as refeições dos miúdos e ajuda nos trabalhos da escola, a casa continua a ser casa, mas de férias, quase parecendo mesmo quando estamos de férias e só vamos ao hotel dormir e tomar banho.

Pior que nunca sair a horas ou esperar que a senhora da secretária saia ou que a sala de espera esvazie, são as tecnologias, os nossos smartphones não ajudarem… Eu até já pensei que o meu telemóvel é uma espécie de vigilante, e confidencie-me, sff: quantas vezes antes de se deitar vai ver o seu e-mail? Ou enquanto está parado nas filas de trânsito? Muitas? Há quase uma obrigação de nunca desligar. A caixa de e-mail dá entrada de mensagens a todas as horas, e não responder em tempo devido dá sempre uma péssima impressão. Como se fôssemos negligentes…

Há uma nova cultura empresarial, que não é de esperar que mude do dia para a noite, que pode ter mais custos laborais e um retomo tardio.

Os nossos trabalhadores não são mais bem pagos, nada disso, só trabalhamos mais. Perderam-se os limites e desrespeita-se uma certa ética social, com telefonemas e reuniões tardias

E como disse Cardeal Robert Sarah “uma sociedade que vê no desenvolvimento material a sua única bússola resvala inevitavelmente para a escravidão e a opressão.”

Hoje não vou verificar a caixa de e-mails na cama, faça o mesmo, pela sua libertação e saúde mental.

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