O HOMEM DO TERROR

    Varoufakis faz-me lembrar um pequeno e interessante livro de Hans Magnus Enzensberger: “Os homens do terror” (Sextante Editora). O autor descreve os homens do terror, os perdedores radicais: “A bitola nunca é fornecida por aquele que está pior do que ele. Aos seus olhos, não são eles que continuadamente são ofendidos, humilhados e […]

  • 12:09 | Sexta-feira, 24 de Julho de 2015
  • Ler em 2 minutos

 

 

Varoufakis faz-me lembrar um pequeno e interessante livro de Hans Magnus Enzensberger: “Os homens do terror” (Sextante Editora).


O autor descreve os homens do terror, os perdedores radicais: “A bitola nunca é fornecida por aquele que está pior do que ele. Aos seus olhos, não são eles que continuadamente são ofendidos, humilhados e diminuídos, mas sempre só ele, o perdedor radical (…) O perdedor radical pode explodir a qualquer momento”.

Varoufakis não terá tido, aquando das negociações, uma preocupação genuína com o povo grego. O que o guiou e suicidou politicamente foi a sua estratégia cega, ainda que pudesse ter razão em determinados pontos. A sua transformação repentina em Pop Star ter-lhe-á tolhido a sensatez necessária para negociar as melhores condições possíveis. O enfant terrible deixou-se embevecer pelas observações dos media acerca da sua figura pouco convencional. Não usa gravata, veste casaco de couro, anda de moto….

Ao demitir-se, parece ter encarnado a figura do perdedor radical e explodiu rapidamente. Uma semana depois de sair do Governo a prometer amor eterno e apoio a Tsipras, votou no parlamento ateniense contra ele e o seu sucessor Tsakalotos.

Muitos, especialmente pessoas próximas da esquerda, idolatraram o economista para quem deveria ser reservado um lugar no Olimpo.

A julgar pelas declarações do seu parceiro de partido e primeiro-ministro, Alexis Tsipras, tudo leva a crer que as pitonisas ululantes estariam em transe, mas equivocadas: “Ser um excelente economista não significa necessariamente ser um bom político”.

Entretanto, esta semana, decidiu votar sim e justificou: “o meu objetivo é, apesar do meu desacordo fundamental relativamente às nossas ações após o referendo, manter a unidade do SYRIZA, apoiar o Alexis Tsipras e o Euclides Tsakalotos. Assim, voto SIM esta quarta-feira em duas medidas que eu próprio propus, embora em condições e circunstâncias radicalmente diferentes”.

Estará a redimir-se? Terá consultado novamente o oráculo? A pitonisa ter-lhe-á sugerido uma nova estratégia pessoal e ajustada às suas egotripes?

Tsipras resiste, luta com todas as suas forças para obter o melhor acordo possível para o seu povo. Merece o meu respeito e por isso sugiro-lhe que envie um SMS ao ex ministro: “A liberdade de um indivíduo tem de ser limitada: ou seja, não se pode tornar um incómodo para os outros” (Stuart Mill)

 

 

 

 

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Opinião