O assistencialismo ou a “sopa aos pobres”

Aquando de uma visita que os deputados do PS efetuaram a uma misericórdia do nosso distrito, onde reuniram com os respetivos órgãos sociais e com os autarcas, percebeu-se que o programa das cantinas sociais, implementado com pompa e circunstância por este governo, não era a resposta mais adequada às populações carenciadas. Desde logo porque muitas […]

  • 18:40 | Segunda-feira, 28 de Abril de 2014
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Aquando de uma visita que os deputados do PS efetuaram a uma misericórdia do nosso distrito, onde reuniram com os respetivos órgãos sociais e com os autarcas, percebeu-se que o programa das cantinas sociais, implementado com pompa e circunstância por este governo, não era a resposta mais adequada às populações carenciadas. Desde logo porque muitas dessas pessoas têm, inclusivamente, dificuldades de deslocação, por falta de transporte, ao local onde as cantinas funcionam.

Para além disso, este programa que é de marcada feição ideológica, assistencialista, de desconfiança das pessoas, é mais uma medida da cruzada deste governo contra o rendimento social de inserção.

O que é facto é que os dados mais recentes começam a evidenciar que, para além da questão assistencial e de “sopa aos pobres” que o programa carrega desde o início, ele acaba também por ser mais dispendioso do que o programa que este quis combater, o do RSI.


O número de refeições que são servidas diariamente pelas cantinas sociais ascende, segundo os dados mais recentes fornecidos pela segurança social, a cerca de 50.000, tendo aumentado 33% relativamente a 2012, ou seja, mais 12.000 refeições por dia que no ano transato. Se cada refeição tem um custo de 2,5 euros para o estado, que pode ser acrescido de 1 euro a cobrar pela instituição, facilmente se conclui que com uma família de 4 pessoas o estado pagará cerca de 20 euros por dia, entre o almoço e o jantar, ou seja, 600 euros por mês, valor muito superior ao do RSI para a mesma família, com a agravante de se coartar a capacidade de autonomia e de mais dignidade que a mesma teria através do rendimento social de inserção.

Quer isto dizer que quando os preconceitos e as questões ideológicas, mais mesquinhas, são elevadas a uma centralidade canhestra, até se pode gastar mais, mas dinheiro para esses “malandros” do RSI é que não haverá.

Pois bem, estamos perante duas opções ideológicas bem marcadas e bem distintas, uma que aposta tudo na subjugação das pessoas, na caridade, no assistencialismo e a outra que respeita a autonomia das famílias, tratando os cidadãos como detentores de direitos, sendo um desses, o de terem um rendimento social, considerado o mínimo necessário, para viverem com dignidade.

Quando estamos perante pessoas que caem nesta situação impõe-se-nos perceber que estamos ante cidadãos da nossa comunidade, ante seres nossos iguais e ante pessoas que não devemos estigmatizar para além da situação que cada um deles já de per si carrega.

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Publicado em Opinião