Brexit já chegou tarde…

  Depois da decisão de abandono da União Europeia (UE) por parte dos ingleses, gerou-se um grande alarido, consternação e agastamento por parte de  muitos outros países membros. Contudo, durante todo este tempo de existência da UE, esses mesmos países andaram no “faz de conta”. O que se verificou durante anos foi que,  excluindo alguns […]

  • 21:50 | Domingo, 03 de Julho de 2016
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Depois da decisão de abandono da União Europeia (UE) por parte dos ingleses, gerou-se um grande alarido, consternação e agastamento por parte de  muitos outros países membros. Contudo, durante todo este tempo de existência da UE, esses mesmos países andaram no “faz de conta”. O que se verificou durante anos foi que,  excluindo alguns cidadãos mais inconformados e alguns grupos e forças políticas anti-europeias,  nunca nenhum Estado ou instituição europeia admitiu a farsa em que se constituiu o modo de funcionamento da UE.

Andámos a fingir que erámos UE, que os problemas não existiam, nunca se refletindo sobre o rumo que aquela estava a tomar e sobre as razões do descontentamento que se ia avolumando nos cidadãos face ao projeto europeu. A verdade é que a UE é cada vez mais uma soma e um aglomerado de países sem projeto. Eventualmente tirando os primeiros anos, poderíamos mesmo dizer que nunca existiu verdadeiramente projeto europeu, mas a satisfação de interesses particulares dos países membros, que se concretizavam melhor dentro das regras de uma formal UE.


Também nós, como tantos outros, pensamos que não existe futuro para Portugal fora da Europa. Por isso, não desistimos da Europa. Todavia, não queremos esta Europa, que se deixou arrastar pelo torpor e adormeceu. Como tantos que estão desgostosos com esta orientação da UE, não queremos Bruxelas a mandar de mais; a levar os governos dos países membros à perda da soberania no processo de decisão; a ser inoperante e desumana na abordagem do flagelo atual que envolve os migrantes; a ter instituições europeias fundamentalistas, preocupadas com as sanções que se vão aplicar ao país x ou y, porque se ultrapassaram algumas décimas do défice; a continuar políticas de austeridade, desvirtuando os objetivos matriciais da UE, de maior coesão social e de solidariedade.

Até agora, os fundos comunitários, de que muitos países da UE beneficiaram, foram uma espécie de moeda de troca, que levou ao silêncio e ao comodismo, daí estarem a ser também agora utilizados para chantagear e sancionar eventuais transgressões por parte dos países membros.  Já não restam dúvidas de que tem sido a contínua lógica do absurdo e a prepotência da UE, na cega obediência aos princípios económicos e financeiros,  a matar progressivamente o pouco que existia ainda de UE.

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Publicado em Opinião