ANTÓNIO COSTA E O “ROUBO DO TACHO”

    As arruadas são sempre momentos de emoção e tensão que contam com alguma dose de improviso, mesmo que estas sejam, e são, preparadas pelas máquinas partidárias ao pormenor. Ouvi, não sei se na TSF ou na Antena1 (alterno-as com frequência), alguns diálogos entre António Costa e populares, durante a sua visita a Aveiro. […]

  • 22:25 | Segunda-feira, 28 de Setembro de 2015
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As arruadas são sempre momentos de emoção e tensão que contam com alguma dose de improviso, mesmo que estas sejam, e são, preparadas pelas máquinas partidárias ao pormenor.


Ouvi, não sei se na TSF ou na Antena1 (alterno-as com frequência), alguns diálogos entre António Costa e populares, durante a sua visita a Aveiro. Uma senhora anónima questionou o candidato: “Porque é que o senhor roubou o tacho ao outro, ao Seguro? Isso não se faz, a minha família votava sempre no PS, desta vez ninguém vota.”

Creio que António Costa entrou a perder nesta campanha. A forma como afastou o camarada Seguro da liderança diz muito da personalidade do ex-presidente da maior câmara do país. Recordemo-nos que o Dr. António Costa prometeu aos Lisboetas cumprir até ao fim o mandato na autarquia, caso ganhasse e ganhou…

Não resistiu ao apelo de muitos que, não estando nas hostes seguristas, viam nele o D. Sebastião capaz de salvar o país dos “algozes” Passos e Portas, o seu passaporte para a esfera do poder e a substituição do Apocalipse pelo Éden que, quais arautos, anunciavam…

Decidiu avançar e disputar a liderança do partido com um líder que, mais ou menos capaz, ganhou duas eleições, tendo conquistado mais 3% do que os seus adversários nas europeias.

Também me pareceu, erradamente, que António Costa reuniria  mais competências do que António José Seguro para disputar as eleições contra a coligação muito resgatada por uma governação dura. Mas, sempre considerei a sua “chagada” ao poder no PS uma “pedra no sapato” que poderia causar-lhe algumas dores e marcos de boca…

O Bloco de Esquerda considera o PS a maior desilusão da campanha. Cara Catarina Martins, só se desilude quem se iludiu. Também estará desiludida com o Syriza?

Ao constatar-se que Costa não conseguiu diluir os “istas” do contra (Clara Ferreira Alves dixit), ou seja, não teve a capacidade de reunir à sua volta, como apoiantes do seu programa, “seguristas, socratistas, soaristas, guterristas” anunciava-se-lhe o caminho das pedras. Caminho das pedras foi o que teve que percorrer durante a pré-campanha, sucederam-se os erros de comunicação e teve ainda que se debater com algumas “cascas de banana” no trilho dos presidenciáveis.

O nervosismo e a preocupação estão bem presente nas declarações e comportamentos do candidato socialista. Deu um tiro no pé ao dizer que votará contra um Orçamento que desconhece. “Embrulhou-se” nas consta da Segurança Social…

O “assalto ao poder” está a revelar-se uma impossibilidade porque, como disse Portas, “subestimou a coligação” e não conseguiu unir as várias alas do partido. Costa estará a pagar bem caro o desrespeito por Seguro e a sobranceria em relação à dupla Passos e Portas que revela, dia após dia, uma dinâmica cada vez melhor, uma dinâmica de vitória.

“Quem com ferros mata, com ferros morre”! As palavras da senhora em Aveiro dizem muito da entrada de Costa na corrida a São Bento e que poderá ditar a sua saída pela porta pequena da política portuguesa. A não ser que regresse à autarquia lisboeta… Caro Medina, prepare-se para dia 05 de Outubro, pois poderá ter no homem que hoje apoia aquele que tentará “tirar-lhe o tapete”. Basta que o senhor presidente tenha uma sondagem desfavorável e poderá ter um candidato de peso ao seu lugar, pois ganhará novamente sentido fazer cumprir as promessas que assumiu com as gentes da capital.

Os pulos que deu no palco são a imagem perfeita do estado em que se encontra António Costa: um parafuso fora do lugar que roda inadvertidamente “sem rei nem roque

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Publicado em Opinião