O milagre económico aumenta para 2 milhões o número de pobres

  A “nossa” Dona Maria, à semelhança da presidente da Assembleia da República com os seus “inconseguimentos”, torna-se todos os dias um bocadinho mais esotérica. Talvez por causa dessa mística ciência, afirma que “a dívida portuguesa não aumentou, apareceu”. Com toda a ginástica retórica que este governo tem desenvolvido com grande imaginação, a Dona Maria […]

  • 8:46 | Sexta-feira, 17 de Abril de 2015
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A “nossa” Dona Maria, à semelhança da presidente da Assembleia da República com os seus “inconseguimentos”, torna-se todos os dias um bocadinho mais esotérica. Talvez por causa dessa mística ciência, afirma que “a dívida portuguesa não aumentou, apareceu”.
Com toda a ginástica retórica que este governo tem desenvolvido com grande imaginação, a Dona Maria deveria ter dito que a dívida aumentou 80 mil milhões nos últimos cinco anos, atingindo já 128% do PIB, ou seja 225 milhões de euros. Daí, talvez, uma dívida que “aparece” todos os dias com uma maior dimensão… sem “aumentar”.
Pirueta semântica de fino recorte e do mais belo efeito. Fica bem num retrato de parede.
A Dona Maria terá rede neste trapézio em que se balouça. Os portugueses, cada vez mais distantes do real, quando despertarem de sua letargia, serão esmagados contra o cimento do chão na brutalidade da queda sem “almofadas financeiras” ou outras que os protejam.
Entretanto, a dar rosto a este milagre económico, dados do INE, dizem-nos que 120 mil crianças teriam passado fome em Portugal se não tivessem recorrido ao Banco Alimentar; que existem aproximadamente 2 milhões de portugueses em risco de pobreza; que “não param de aumentar as pessoas que pedem ajuda. De pessoas que já estavam desempregadas e numa situação má, mas que agora perderam o subsídio de desemprego e passaram a precisar de comida. Se há alguém que tem rendimento no agregado, utiliza-o para pagar dívidas e depois fica sem dinheiro para comer e recorre ao Banco Alimentar”, afirma a sua presidente, Isabel Jonet.
Um relatório datado de 2013, da ONU referia que “28,6% das crianças portuguesas estavam em risco de pobreza”, mas dizia mais “que muitas não tinham acesso aos mínimos da alimentação, educação e protecção social. A situação piorou nos últimos dois anos, já que as crianças são arrastadas pelas famílias quando estas entram numa situação de pobreza, realidade que tem aumentado.”
Segundo o INE há 18,7% da população em risco de pobreza, ou seja, 1.961.122 portugueses.
 
Como se não bastasse, convém ainda atentar nas palavras de Manuela Ferreira Leite, ex-líder e ex-ministra do PSD, em entrevista ao “Expresso”, onde alerta “o Governo pretende descer a TSU para depois colocar os portugueses perante o facto consumado da insustentabilidade irreversível da Segurança Social”. Pelos vistos mais uma “golpada” desesperada e atrevida para assassinar o nosso já tão sombrio futuro.
Estas artes milagrosas também não aumentam, aparecem, a cada dia que passa…
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