APITA O COMBOIO… DAQUI A 5 ANOS, SE…

  As eleições na Grã Bretanha podem acarretar um referendo para a saída ou permanência no Euro, ou melhor, na zona euro, pois os ingleses nunca abdicaram da sua unidade monetária, a libra. Se a esta probabilidade acrescermos a saída da Grécia, a Europa comum (?) — o que quer que isso signifique — dá […]

  • 18:44 | Quarta-feira, 18 de Março de 2015
  • Ler em 2 minutos

 
As eleições na Grã Bretanha podem acarretar um referendo para a saída ou permanência no Euro, ou melhor, na zona euro, pois os ingleses nunca abdicaram da sua unidade monetária, a libra. Se a esta probabilidade acrescermos a saída da Grécia, a Europa comum (?) — o que quer que isso signifique — dá um estoiro. Aliás este estranho “clube” com associados que chegam em Mercedes classe S e outros que escondem o Fiat 600 na ruela lateral e que lá dentro, só fumam charuto ou bebem cognac Napoléon se os ricos pagarem, é um estranho e assimétrico clube com uns estatutos feitos “para inglês ver ” mas que na prática funciona com amos e aios, senhores e serviçais.
Se a vizinha Espanha não resistir ao recrudescimento dos diversos nacionalismos centrados numa paleta política que vai da extrema-direita à extrema esquerda, a sua desagregação, a breve trecho, será outra incógnita europeia, a par das ameaças fundamentalistas — seria interessante lermos a mais recente alegoria de Michel Houellebecq sobre a França tomada pelos árabes “Soumission” que estará disponível em Portugal, dentro de dias, com o título “Submissão“…
 
Porque um mal não chega sozinho, a esta Europa que Zeus raptou, possuiu e abandonou, o espectro da guerra na Ucrânia a escorregar para ocidente e a transformar-se num conflito europeu, faz-nos lembrar que andamos há muito tempo obcecados com os problemas financeiros — que estão a agravar-se, logo longe de reflectirem esta demorada e imperiosa atenção — esquecendo a óptica política desta imensa caldeirada que é hoje a comunidade europeia.
 
E agora cinjamo-nos ao nosso cantinho. O governo, a escassa meia dúzia de meses das eleições, logo como mera medida de caça ao voto (infelizmente) anunciou a candidatura a mil milhões de euros para a tão falada linha da Beira Alta.
Porém, erguem-se as vozes críticas. A REFER tem uma proposta de modernização da linha existente que ronda os 500 mil milhões. Ou seja, metade. A candidatura apresentada ao CEF (Connecting Europe Facility) vai ser por este organismo estudada e se for aprovada poderá desenhar-se a sua realidade a partir de 2020.
Aceita-se o júbilo mas é cedo para foguetórios, pois neste momento, a quota do mercado ferroviário é de apenas 4%, o que é um ponto base estatístico irrelevante. O seu crescimento passa pelo esvaziamento dos transportes rodoviários internacionais (TIR) e lembramos que algumas das empresas aqui sediadas, como por exemplo a Patinter, representam mais de um milhar de postos de trabalho.
Por outro lado, há um ângulo descurado… Se a Espanha não aderir factualmente a este desiderato e não for cabalmente sensibilizada para a importância deste corredor ferroviário, teremos uma situação em que a via-férrea de alta velocidade chega de Aveiro a Vilar Formoso num abrir e fechar de olhos e… depois, regride aos tempos da Maria Caxuxa, os da locomotiva eléctrica e das máquinas a gasóleo.
 

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Editorial