UniPoliCentro e foco no investimento

O novo quadro comunitário abre perspectivas únicas de desenvolvimento, devendo ser encarado como uma forma de mudar decisivamente a nossa sina. Não é possível desperdiçar os novos fundos comunitários, mas acima de tudo, seria verdadeiramente inaceitável que a sua aplicação e gestão não conduzisse a uma mudança na forma como encaramos o investimento público: necessariamente […]

  • 8:12 | Quinta-feira, 10 de Abril de 2014
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O novo quadro comunitário abre perspectivas únicas de desenvolvimento, devendo ser encarado como uma forma de mudar decisivamente a nossa sina. Não é possível desperdiçar os novos fundos comunitários, mas acima de tudo, seria verdadeiramente inaceitável que a sua aplicação e gestão não conduzisse a uma mudança na forma como encaramos o investimento público: necessariamente coordenado, com parcerias, com a capacidade de ganhar dimensão e com isso melhorar em termos de eficiência e cooperação regional e inter-regional; mas também na forma como avaliamos os resultados desse investimento. É esse o desafio que temos pela frente, e é um desafio decisivo. Falhar mais uma vez será, de facto, um dos mais lamentáveis momentos da nossa história coletiva.
As alterações estarão necessariamente no planeamento, na cooperação, na capacidade de crescer criando sinergias internas e com regiões vizinhas e transfronteiriças, na forma como são promovidas as linhas gerais dos investimentos e opções a realizar, na forma como serão avaliados, na forma como serão rigorosamente acompanhados, na forma como serão monitorizados e avaliados os resultados, na forma como se dará conta do valor acrescentado que geraram. É uma nova cultura, que terá efeitos a médio e longo prazo. Falhar nisso, repito, será indesculpável.
Vejo por isso com muita satisfação a iniciativa da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) de juntar as universidades da região norte e estabelecer um protocolo de cooperação estratégica que terá em mente a coordenação de acções futuras: o protocolo é assinado hoje (10/4/2014) no Porto, com a presença de Miguel Poiares Maduro, do Secretário de Estado do Ensino Superior e do presidente do CRUP. É fundamental esta forma de pensar e de agir, em que os atores relevantes da inovação baseada em conhecimento acordam formas comuns de atuação. Portugal não tem dimensão para ter instituições que atuam na mesma área e não cooperam, mas antes duplicam acções e competem. Ficamos todos mais fracos com essa atitude, e o país perde grandemente com isso. Esta é uma iniciativa fantástica da CCDRN, a qual se deve repetir por todo o país. Desafio por isso as universidades do Centro de Portugal, e os politécnicos, a encontraram também uma plataforma de entendimento. A UniPoliCentro, resultante de um acordo urgente entre a Universidade de Coimbra, Universidade de Aveiro, Universidade da Beira Interior, e dos vários Institutos Politécnicos (Coimbra, Castelo-Branco, Guarda, Viseu e Leiria), deveria ter por base a cooperação e a definição de linhas estratégicas de desenvolvimento comum que permitissem uma melhor utilização de docentes, divisão funcional, capacidade de ganhar escala na investigação e desenvolvimento (I&D), objectivos de desenvolvimento regional integrado, captação de alunos, procurando com a acção conjunta e branding comum a capacidade de distribuir alunos pelos vários pólos universitários e politécnicos, mas também, e principalmente, ser um motor muito eficaz na captação de investimento direto estrageiro para a região. O foco não deve ser somente, nem principalmente, o lado da universidade, nem a necessidade de juntar esforços no sentido de ser mais eficaz na captação de fundos, mas um objectivo de médio e longo prazo que ajude a evoluir na nossa organização de ciência e ensino superior, tendo por meta objectivos económicos e sociais que necessitam de forte investimento privado na nossa capacidade de inovar e de criar valor a partir do conhecimento.
É um desafio de desenvolvimento a que temos de nos dedicar para mudar a nossa sina.
 

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Publicado em Opinião