Sustentabilidade das IPSS: A creche

Na última década foram criadas cerca de 43.700 vagas na resposta social creche. O aumento do número de lugares disponíveis, globalmente, é um dado positivo porque a rede de cuidados para as crianças e de apoio às suas famílias, até aos três anos, era bastante deficitária. O problema do aumento da oferta reside na “aparente” […]

  • 8:26 | Terça-feira, 10 de Maio de 2016
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Na última década foram criadas cerca de 43.700 vagas na resposta social creche.

O aumento do número de lugares disponíveis, globalmente, é um dado positivo porque a rede de cuidados para as crianças e de apoio às suas famílias, até aos três anos, era bastante deficitária.

O problema do aumento da oferta reside na “aparente” falta de planeamento estratégico…


Todos nós já ouvimos relatos de casos de construção de novos equipamentos sociais para crianças onde estas, para mal da nossa demografia, teimam em não nascer.

Alguns milhares de euros depois, constata-se que é preciso requalificar o equipamento, “novinho em folha”, para lhe dar uma “nova vida”, talvez servindo para acolher idosos…

Se não quisermos aprender esta lição, temo que o mesmo erro venha a ocorrer com os equipamentos que prestam apoio à população sénior. Cada freguesia, cada instituição quer ter o seu lar de idosos… Fará sentido? Haverá utentes para todos eles? Será boa ideia partilhar e potenciar recursos?

Uma reflexão que urge fazer!

Talvez devamos, todos nós, aprender alguma coisa com os erros pretéritos.

A ameaça à sustentabilidade das creches é um problema que a todos deve preocupar.

A primeira causa reside no excesso de oferta em relação à procura em alguns territórios.

Paradoxalmente, numa década em que a taxa de natalidade decresceu constantemente, o número de creches fez o caminho inverso, ou seja, cresceu progressivamente.

Como comecei por dizer, havia necessidade de aumentar a oferta, mas não em todas as geografias, fazendo, em alguns contextos, lembrar a lógica das padarias / pastelarias que, sem razão aparente, tendem a abrir umas ao lado das outras, concorrendo diretamente e, em alguns casos, aniquilando-se mutuamente.

Soma-se à evidência demográfica, a diminuição da comparticipação da Segurança Social e das famílias que também viram os seus orçamentos tornarem-se mais reduzidos, uma das consequências da crise económica que se tem feito sentir em Portugal, nos últimos anos.

As receitas das instituições que trabalham a resposta social creche têm vindo a sofrer cortes significativos. Paralelamente, as despesas não param de aumentar, sendo a rubrica mais significativa a dos encargos com os recursos humanos.

Não precisamos de calculadora para diagnosticar as dificuldades. A diminuição da receita e o aumento da despesa são fatores determinantes que colocam em risco a sustentabilidade das instituições que têm vindo a fazer um esforço titânico para manterem a qualidade dos serviços que prestam e os postos de trabalho de colaboradores qualificados e experientes.

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Publicado em Opinião