Política para Tótós

      Os partidos políticos consolidados, os grandes, os de mainstream, aqueles que valem acriticamente “sempre” uma quantidade pré-determinada de votos independentemente das propostas que ostentam ou das lideranças que apresentam, puxam para a sua órbita, uma quantidade grande de oportunistas unicamente interessados em contar com esta multidão mais ou menos acrítica e que […]

  • 17:52 | Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2017
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Os partidos políticos consolidados, os grandes, os de mainstream, aqueles que valem acriticamente “sempre” uma quantidade pré-determinada de votos independentemente das propostas que ostentam ou das lideranças que apresentam, puxam para a sua órbita, uma quantidade grande de oportunistas unicamente interessados em contar com esta multidão mais ou menos acrítica e que vê a política como se uma claque desportiva fosse, ou que dá demasiado valor à história que decide, e bem, relevar.

Isto acaba por ter vários efeitos sendo que o mais pernicioso será o desvirtuar do propósito mais nobre dos partidos – discutir ideias, programar políticas, querer o poder para as aplicar. Em vez disto usa-se como instrumento pessoal. Outro efeito, ao fim de uns bons anos, é o afastamento dos eleitores, caídos na armadilha do “são todos iguais” (e alguns serão mesmo), limitando-se aqueles à abstenção ou à mais participativa punição do poder instalado, trocando-o por outros do “arco da governação”, e muito provavelmente contribuindo para o tal cliché da má “igualdade”.

Particularmente responsáveis para esta degradação da imagem da política – inevitável participação cívica dos cidadãos no governo da res publica, são os ambiciosos cidadãos transumantes políticos, sempre à procura de pastos políticos mais verdes, suculentos e nutritivos e sempre acompanhados de um pequeno rebanho, contribuindo para destruir pela base o campo ideológico que deveria servir para o florescimento da confiança da sociedade nas estruturas fundamentais que são, em teoria, os partidos. Qualquer partido lhes serve. Migram da esquerda para a direita e da direita para a esquerda com mais facilidade que uma churra mondegueira vai e vem à Serra da Estrela e atribuindo aos eleitores níveis de falta de vergonha ao nível da consciência da popular ovelha.

A “peste” alarga e sobe naturalmente a pirâmide. Paralelamente instala-se a desculpabilização dos actos dos correligionários, o spin (quando aqui aplicado) do principio da presunção de inocência, como se a confiança fosse coisa de somenos em política.
Vemos dirigentes a navegar à vista e a contribuir activamente com isso para a degeneração do sistema, preocupados em ganhar a qualquer custo e a dizer, com o ar mais cândido, enormidades como “a política é isso mesmo”, como se um líder não existisse para definir rumos.

É já muito usual ouvirmos que “nas autarquias vota-se nas pessoas”, como se isso não fosse válido em qualquer eleição, como se não devêssemos validar um binómio política-cidadão, até pela confiança que quem se devia propor aplicar uma política, nos inspira. Mas ouvimos isso de dirigentes distritais e nacionais como forma de desculpa.

Eu que, por incapacidade ou porque gosto do método científico – não sei, tenho frequentes dúvidas, fico sem saber se são os eleitores ou outros os tótós…

 

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Publicado em Opinião