O que nós andámos p’ráqui chegar…

  “Nos anos cinquenta as reclamações sobre o deficiente abastecimento de água à cidade e as interrupções no fornecimento de energia, levaram os Serviços Municipalizados a promover o estudo de melhores captações e expansão da rede domiciliária de distribuição de água.”   O parágrafo acima foi retirado, com adaptações, da “Brevíssima achega à história dos […]

  • 12:43 | Sexta-feira, 11 de Julho de 2014
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“Nos anos cinquenta as reclamações sobre o deficiente abastecimento de água à cidade e as interrupções no fornecimento de energia, levaram os Serviços Municipalizados a promover o estudo de melhores captações e expansão da rede domiciliária de distribuição de água.”

 


O parágrafo acima foi retirado, com adaptações, da “Brevíssima achega à história dos Serviços Municipalizados de Leiria”, no site dos SMAS de Leiria.

 

Imagino-me agora num futuro próximo a receber a conta da água cada vez mais cara, a beber água da torneira com o mesmo sabor horrível a desinfectante e a resignar-me porque o monopólio da água entretanto já foi entregue a privados. Quem é que reclama de um monopólio? Quem é que pressiona a distribuidora de um bem essencial quando não há alternativa?

Quem serão os grupos com músculo financeiro que vão comprar o direito de abastecer Leiria de água nas próximas décadas? Acredito que como diz Paulo Morais, “as concessões municipais estão e estarão destinadas àqueles que dominam todos os negócios públicos locais, os construtores e promotores imobiliários. Um monopólio natural como é a distribuição da água entregue aos patos bravos do imobiliário, vai aumentar os preços e compromete a qualidade do serviço”.

Só de pensar na água entregue a empreiteiros estremeço.

Andámos nós na “senda do pugresso” desde os anos 50 do século XX a tentar que o tratamento e a distribuição da água fossem um facto adquirido, como a educação para todas as crianças, ou estradas gratuitas ou hospitais onde acorrer em caso de necessidade, para agora chegarmos aqui?

Porque raio algum grupo económico quereria ficar com um serviço se ele não lhe garantisse rendas fixas e lucros por décadas ? Pelos nossos bonitos olhos?

E porque devemos acreditar que o Estado fará bons contratos com os privados, contratos que defendem os interesse dos cidadãos depois de exemplos como as PPP’s, os Swaps e quejandos?

Estamos de volta ao tempo do “nós” ou “eles”. E para empreiteiros com milhões enterrados nas garagens em carros de luxo já chega.

Logo à noite há debate promovido pela Adlei sobre o tema – com quem decide – no auditório por cima do Mercado Municipal, ao lado do Maringá, pelas 21,30h.

Podem ficar em casa.

Mas então arranjem uma boa desculpa para explicar aos vossos filhos e netos porque raio a água em Leiria, nos próximos 30 anos, passa a ser controlada por alguém que não elegemos, e que por isso, não podemos substituir.

Eu por mim vou.

Quero dizer às minhas filhas um dia que tentei que as coisas mudassem. Nem que fosse um bocadinho…

 

 

 

 

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