O fim dos 500 euros

Se o leitor, como eu, nunca teve na mão uma nota de 500€, mas gostaria de a ver ao vivo e a cores, apresse-se a ganhar dinheiro, a pedi-lo emprestado a um amigo ou a fazer um crédito. Caso contrário, corre o sério risco de não ter a oportunidade de sentir a qualidade do papel […]

  • 8:56 | Quinta-feira, 05 de Maio de 2016
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Se o leitor, como eu, nunca teve na mão uma nota de 500€, mas gostaria de a ver ao vivo e a cores, apresse-se a ganhar dinheiro, a pedi-lo emprestado a um amigo ou a fazer um crédito. Caso contrário, corre o sério risco de não ter a oportunidade de sentir a qualidade do papel e usufruir dos seus potenciais benefícios.

O Banco Central Europeu, na pessoa do seu Presidente, Mário Draghi, anunciou que as notas de 500€ têm os seus dias contados.

Acredito que esta medida não preocupe a maioria dos portugueses que, lamentavelmente,  não consegue, pelo esforço do seu trabalho, receber mais do que uma destas notas por mês. No meu caso, nos melhores tempos tive direito a duas notas mensais. Não me recordo de ter tido uma nota de 500€ na carteira…


O que terá justificado a retirada progressiva da “quinhentola” de circulação?

O motivo é o receio de que uma nota de tão elevado valor possa ser utilizada para facilitar actividades ilícitas. Segundo Draghi, “A nota de 500 é um instrumento para as atividades ilegais.” A medida contou com o aplauso dos ministros das finanças da Eurozona, do responsável pelo Departamento Anti Fraude da União Europeia, Giovani Kesseler e da Europol.

Custa-me acreditar que tenham demorado tantos anos a concluir que a maioria das notas de 500€ emitidas terão como potenciais utilizadores os profissionais do crime organizado. Se esta ideia faz sentido na Eurozona, em Portugal terá ainda mais lógica. A média dos salários, uma das mais baixas da UE, fará dos utilizadores destes exemplares a excepção que confirma a regra da “Geração dos 500€”.

Fica a esperança de poder, no curto prazo, receber a notícia do fim dos 500€, dessa vez do fim de uma geração a quem são propostos baixos salários e empregos precários.

Se assim não for, os jovens, não vendo as suas competências reconhecidas e aproveitadas no nosso país, farão as malas e emigrarão.

Sugestão de leitura:

PRECÁRIOS EM PORTUGAL. ENTRE A FÁBRICA E O “CALL CENTER”, org. por José Nuno Matos, Nuno Domingos e Rahul Kumar | www.edicoes70.pt – Edições 70

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