O efeito António Costa

  1. António José Seguro é um homem esperto e intuiu que prolongando o processo das primárias ganharia tempo para desfazer o élan criado em torno da candidatura de Costa. Mais, julgando que tinha na mão o aparelho do partido apostou forte nas eleições para as Federações socialistas. No entanto, a gestão do tempo, e […]

  • 10:37 | Terça-feira, 09 de Setembro de 2014
  • Ler em 2 minutos

 

1. António José Seguro é um homem esperto e intuiu que prolongando o processo das primárias ganharia tempo para desfazer o élan criado em torno da candidatura de Costa. Mais, julgando que tinha na mão o aparelho do partido apostou forte nas eleições para as Federações socialistas. No entanto, a gestão do tempo, e das expectativas, não correu da forma como esperava: Costa arregimentou maior número de federações, principalmente nas áreas litorais de pendor urbano.

2. Os sinais são animadores para a candidatura de António Costa. A geografia recenseadora dos seus simpatizantes estriba-se essencialmente em áreas urbanas litorais, mormente na Área Metropolitana de Lisboa. Precisamente onde António Costa encontra a sua maior força eleitoral.


3. Brilhante Dias, um dos lugares tenentes de António José Seguro, apresentou uma versão verdadeiramente mirabolante, ao aludir que as federações que apoiaram Seguro teriam almejado mais votos, esquecendo-se intencionalmente de dizer que em algumas delas a lista tinha sido única e agregadora de apoiantes das duas candidaturas. Ou seja, a entourage de António José Seguro está convicta deste desequilíbrio e a estratégia dos últimos dias tem sido um lamentável desconchavo de contradições e tiros no pé.

4. A direita dá mostras de um crescente nervosismo. Começou por assistir tácita e confortavelmente ao digladiar das duas fações internas do principal partido da oposição. Porém, nos últimos tempos tem aumentado uma oposição ruidosa a António Costa, através de farpas sobre a gestão camarária (o exemplo do lixo no espaço público na cidade de Lisboa é muito sintomático) ou então, utilizando o argumentário de que muito dificilmente conseguirá ganhar as eleições nacionais já que não se consegue impor dentro do seu próprio partido. Muito interessante é verificar que vastos argumentos utilizados pelos apoiantes de António José Seguro são mimeticamente empregues pela direita, e vice-versa. Por vezes, as coligações impõem-se pelo medo.

 

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Cultura