NAS FREGUESIAS PARA LEMBRAR

  Quando, em 2014, as Obras Sociais do Pessoal da CM e SM de Viseu criaram, em boa hora, o Centro Apoio Alzheimer Viseu, foi tido em consideração o Diagnóstico Social do concelho de Viseu Foram definidos três eixos de intervenção: o apoio às pessoas com demência, às suas famílias e aos seus cuidadores formais […]

  • 15:54 | Sábado, 24 de Fevereiro de 2018
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Quando, em 2014, as Obras Sociais do Pessoal da CM e SM de Viseu criaram, em boa hora, o Centro Apoio Alzheimer Viseu, foi tido em consideração o Diagnóstico Social do concelho de Viseu

Foram definidos três eixos de intervenção: o apoio às pessoas com demência, às suas famílias e aos seus cuidadores formais e informais.


Quatro anos depois, sentimos um misto de satisfação e impotência.

Sentimo-nos satisfeitos porque, graças à dedicação das técnicas que todos os dias fazem tudo o que está ao seu alcance para dar as melhores respostas a todas as pessoas que nos procuram e ao apoio de parceiros estratégicos (Alzheimer Portugal, Câmara Municipal de Viseu, Escola Superior de Educação de Viseu, Guarda Nacional Republicana, Médicos do Mundo), conseguimos apoiar diretamente cerca de 290 famílias. Sentimos uma enorme satisfação pelos serviços prestados: apoio psicológico, social e jurídico, Grupo de Ajuda Mútua; Espaço Memória; Café Memória; Estimulação Cognitiva; Seminários Internacionais; Formação e Sensibilização; Nas Freguesias para Lembrar.

O projeto Nas Freguesias para Lembrar visa a implementação em todas as freguesias do concelho de Viseu de três atividades complementares: Sessões de Informação e Sensibilização para as demências; Diagnóstico, Sinalização e Encaminhamento e Grupos de Ajuda Mútua.

Já beneficiaram das atividades enunciadas, desenvolvidas em parceria com o Contrato Local de Desenvolvimento Social 3G Viseu Igual e as Juntas de Freguesias, 457 pessoas.

No terreno comprovamos, em cada ação desenvolvida, a necessidade e a urgência desta intervenção. Há todo um trabalho para fazer no que concerne à prevenção; adoção de estilos de vida saudáveis; identificação dos sinais de alerta; importância do diagnóstico atempado; combate ao estigma; literacia em saúde; combate ao isolamento e à solidão (importa não confundir os conceitos) …

Com os nossos parcos recursos, por vezes sem recursos, alavancados na boa vontade, solidariedade e espírito de missão dos nossos profissionais, tentamos ajudar a construir uma comunidade amiga das pessoas com demência.

O nosso sentimento de impotência cresce sempre que recebemos solicitações às quais não somos capazes de dar a resposta que as pessoas procuram e à qual têm direito.

Após estes anos de trabalho, sentimos que, sem apoios regulares, dificilmente conseguiremos dar continuidade a este projeto que começou, literalmente, com uma secretária, um telefone, uma impressora e uma profissional que, connosco, acreditou, sonhou, trabalhou e contribuiu para que tornássemos real uma ideia que começou a germinar, em 2008, no Centro de Referência Estatal de Apoio a Pessoas com Alzheimer e outras Demências de Salamanca.

Já tentámos várias vias, fizemos múltiplas candidaturas na esperança de melhorar os serviços que prestamos, alargar e diversificar a nossa intervenção. Ainda temos a esperança de que o nosso trabalho seja reconhecido, valorizado e potenciado.

Tememos não ter a capacidade de resistir até que tenhamos no nosso país um Plano Nacional para as Demências e um Estatuto do Cuidador que possam definir um percurso de cuidados; os apoios às famílias; o financiamento das organizações que prestam apoio na saúde e social…

Enquanto tivermos força, isso é garantido, continuaremos a trabalhar e a pugnar por uma sociedade que pode e deve normalizar a vida das pessoas com demência, dos seus cuidadores e das suas famílias, proporcionando-lhes qualidade de vida, dignidade e humanidade.

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Publicado em Opinião