COMPRAR LIBERDADE

    “Fomos ingénuos nos anos noventa, ao acreditarmos que seríamos imediatamente livres.”   A vencedora do Nobel da Literatura (2015), Svetlana Aleksievitch, receberá 887.200,00€ pelo galardão para os quais já terá destino: “comprar liberdade”. A escritora e jornalista bielorrussa, tem um livro editado em Portugal: “O Fim do Homem Soviético: Um tempo de Desencanto”, […]

  • 13:08 | Sábado, 07 de Novembro de 2015
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“Fomos ingénuos nos anos noventa, ao acreditarmos que seríamos imediatamente livres.”


 

A vencedora do Nobel da Literatura (2015), Svetlana Aleksievitch, receberá 887.200,00€ pelo galardão para os quais já terá destino: “comprar liberdade”.

A escritora e jornalista bielorrussa, tem um livro editado em Portugal: O Fim do Homem Soviético: Um tempo de Desencanto”, editado pela Porto Editora. Estou, neste momento, a lê-lo e recomendo-o a todos aqueles que tenham interesse em conhecer melhor a Rússia de hoje e as transformações que têm vindo a ganhar forma  pela mão de Putin.

Ao longo do livro Svetlana retrata os “seres traumatizados” enquanto resultado da “experiência mais dura da história do socialismo na URSS”. Escreve sobre “o homem vermelho, sobre a utopia que durou mais de setenta anos e mais vinte que será necessário para sair dela.”

Segundo a Academia Sueca, os seus textos polifónicos “são um monumento ao sofrimento e à coragem no nosso tempo”. Uma mulher destemida que dá voz e rosto a milhares de testemunhas do espaço pós-soviético,  à utopia comunista e ao seu traumático desmoronamento.

A sua tradutora para a língua espanhola, Marta Rebón, entende que a autora empreendeu um esforço titânico, ao longo de muitas viagens e de milhares de horas de gravação e apontamentos, para formular uma pergunta: O que se aprendeu depois de todo o sofrimento, do qual falam recorrentemente os entrevistados, consequência de guerras, repressão, desastres nucleares e retórica do heroísmo?”

O objetivo central da sua obra é dar voz aos que foram condenados ao silêncio, às vítimas pertencentes a comunidades minoritárias, aos soldados obrigados a combater…

A galardoada adotou o género das “vozes humana”.

Antes de iniciar os seus relatos, cita F. Stefun, O Que Foi e o Que Poderia Ter Sido,:

“Em todo o caso, devemos recordar que a responsabilidade pela vitória do mal no mundo não é em primeiro lugar dos seus executantes cegos, mas dos espíritos lúcidos que servem o bem.”

Em tempos de algum frenesim comunista, talvez seja bom recordar que, citando Svetlana, “Estaline liquidou tantas pessoas como Hitler”.

A autora constata e questiona: “Encontrei nas ruas jovens com a foice e o martelo e o retrato de Lenine nas camisolas. Saberão eles o que é o comunismo?”

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Publicado em Opinião