Antes o ego inchado que uma enxada na mão!

Quem esteve ou está fora do País sabe o verdadeiro significado da palavra saudade e valoriza, de forma diferente, o que é nacional. Por vezes a saudade manifesta-se nos momentos mais estranhos.

  • 8:57 | Segunda-feira, 26 de Março de 2018
  • Ler em 2 minutos

Quem esteve ou está fora do País sabe o verdadeiro significado da palavra saudade e valoriza, de forma diferente, o que é nacional. Por vezes a saudade manifesta-se nos momentos mais estranhos. Nos últimos tempos dediquei especial atenção à “A ilustre casa de Blackadder”, série inglesa que segue várias gerações da família Blackadder, onde a cada encarnação de Edmund, uma por temporada, assistimos às mais ridículas peripécias da história.

Um destes dias, também dei por mim a pensar em Viseu e na comédia involuntária em que a política local mergulhou. Certo, tem razão se afirmou que as figuras estão mais próximas de personagens dos Malucos do Riso, mas não é complicado reduzir o corpo político local a um spin-off semi-analfabeto daquela série inglesa.

Em “A ilustre casa de Almeida Henriques“, já tenho título e tudo, estariam presentes todas as características da série comuns à vida local: O cinismo, o oportunismo, a estupidez inata dos medíocres, o pretensiosismo, o mau uso da língua, a necessidade de aparecer, a feira da vaidade e a necessidade de estatuto, o vazio de ideias, a opera bufa, em suma. Não é necessário pensar muito e, ao abrir qualquer pasquim local, reconhecemos estas características nos intervenientes da política local.


Ao ler as notícias sobre o último anúncio do edil, na semana passada, dei conta que tinha em mãos uma bela hipótese de episódio sob o título: “Político de show off, ser ou não ser? Eis a questão.”

Neste episódio, Almeida Henriques, em mais um momento, Gato Fedorento, garante que não é “apanhado numa fotografia a fazer uma coisa que viola a sua forma de estar na vida, portanto não será para aparecer que vai simular que está a fazer“, logo de seguida surgem fotografias com Almeida Henriques, em diferentes momentos, qual trolha, qual jardineiro, a posar para a fotografia simulando fazer, acto que viola a sua forma de estar na vida.

Tenho de dar o braço a torcer, não há ninguém melhor que Almeida Henriques, para violar a forma de estar na vida de Almeida Henriques. Afinal, Almeida é o Harvey Weinstein de Henriques. #MeToo mais beirão que este não existe.

Almeida Henriques, no mesmo episódio, acrescenta que é um político de acção, sendo que os espectadores mais atentos, ao fim de quase seis anos de episódios diários, esforçam-se mas não conseguem recordar a última acção da personagem principal fora do campo da retórica vazia, das páginas do pasquim CM, e da propaganda turbo-pimba de Jorge Sobrado.

Em toda esta série existe o assessor, figura mais astuta que o mestre, que aos poucos, aproveitando-se da inércia do governante e seu governo, vai subindo na escada política local. Em terra de cegos o assessor, apesar das dioptrias, é Rei.
Sobra espaço para o Mito de Sísifo, numa oposição que assenta num trabalhador esforçado, mas rodeado por príncipes, imunes a qualquer tipo de conteúdo, que perdem manhãs a olhar-se ao espelho à espera que este lhe confirme se o corte de cabelo combina com os sapatos, e assim, por mais esforçada que seja a tarefa do poder, sempre que a pedra política está perto do cume retorna ao ponto inicial.

Nesta série, imprensa livre não há, foi “cottizada“! Deixo a finalizar as desculpas ao autarca por se ver obrigado a recorrer ao Google para perceber esta irónica mas tão verdadeira crónica.

É a vida, e a politica em Viseu, sem dúvida, consegue (des)animar qualquer Beirão por mais distante que este esteja.

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Opinião