A Espanha na Rússia

O ano político de Portugal terminou com a visita de um ministro espanhol, recebido em jantar solene por Salazar e Carmona, essa dupla que, em retrato, ornou as paredes das salas de aula das escolas primárias. Ainda lá vi Salazar, preservado em papel depois de ter caído da cadeira, e o esbranquiçado Américo Tomás, que […]

  • 13:41 | Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
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O ano político de Portugal terminou com a visita de um ministro espanhol, recebido em jantar solene por Salazar e Carmona, essa dupla que, em retrato, ornou as paredes das salas de aula das escolas primárias.

Ainda lá vi Salazar, preservado em papel depois de ter caído da cadeira, e o esbranquiçado Américo Tomás, que admirei ao vivo, aos ombros do avô Zé Rolo, quando ele, imbuído do sacrossanto ofício de cortador de fitas, esteve em Anadia para inaugurar o Ciclo Preparatório, que hoje resta esventrado por incúria de um ministério que, não tendo dinheiro para nada, se permite delapidar um país pobre.

O tal ministro espanhol, de quem não me apetece declinar o nome, esteve em Belém e no Palácio de Sintra a discutir o «bloco peninsular».


Alguns tolos do país vizinho queriam levar-nos a cair nos seus braços, cumprindo o guião da história da panela de barro e da panela de ferro, que serviu a Eça de Queirós para reafirmar o grande apreço por Espanha e a tristeza de que ela não se situasse na Rússia.

Nisso, Salazar não era tolo. Franco é que, depois dos fumos guerreiros de germanófilo, começava a pensar que, em vez da não-beligerância, lhe convinha um estatuto de neutralidade, de onde Portugal nunca saiu.

Nuno Rosmaninho

(Foto DR)

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Publicado em Opinião