A arquitetura é para arquitetos

  Na passada quinta-feira foi aprovado um decreto lei que permite a alguns engenheiros assinar projetos de arquitetura, o qual veio alterar a lei nº 31/2009 de 3 de julho, de acordo com a qual os projetos de arquitetura apenas podem ser “elaborados por arquitetos com inscrição na Ordem dos Arquitetos“. Cada profissão deve preservar única […]

  • 18:36 | Terça-feira, 27 de Fevereiro de 2018
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Na passada quinta-feira foi aprovado um decreto lei que permite a alguns engenheiros assinar projetos de arquitetura, o qual veio alterar a lei nº 31/2009 de 3 de julho, de acordo com a qual os projetos de arquitetura apenas podem ser “elaborados por arquitetos com inscrição na Ordem dos Arquitetos“.

Cada profissão deve preservar única e exclusivamente as funções para o qual tem conhecimento e é especializada. Andamos a tentar confundir matérias e profissões e tal não aconteceu apenas agora com esta polémica da arquitetura. Há uns 3 pretéritos anos, a Câmara dos Solicitadores, mais a recente Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução implementaram uma proposta para a OSAE se juntar à AO, Ordem dos Advogados, que deve ser exclusivamente para advogados inscritos na Ordem, cidadãos licenciados em Direito.


O problema é fácil de resolver: quem quer ser advogado estuda Direito, quem quer ser solicitador estuda solicitadoria, da mesma forma que se assinar um projeto é da competência dos arquitetos, quem o quer fazer é favor licenciar-se em arquitetura.

A Arquitetura tem sido uma área profissional constantemente menosprezada, devido, entre outros, aos técnicos profissionais desenhistas. Porem, ficará completamente destruída devido à aprovação deste decreto lei, que ao retirar uma competência basilar e exclusiva, vem acabar com a natureza de ser da arquitetura. Vem matá-la.

Mas o mais estranho e invulgar é que esta lei abrange apenas alguns engenheiros, fazendo fé no que afirmou Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros, recordando que está em causa a transposição de uma diretiva comunitária que obriga a qual determina que, aos engenheiros civis que se formaram até 1988, deve ser permitido o exercício da arquitetura, o que abrange 150 engenheiros.

Ainda afirmando: os engenheiros não querem fazer arquitetura.

Concordo plenamente, parece-me que existem no meio dois ou três engenheiros que usaram poderes políticos para conseguirem os seus objetivos, os restantes 148 engenheiros vieram ao acaso, de uma forma casual.

Na base, e para justificação deste decreto lei, estão fatores puramente ultrapassados, depois de superada a ideia que havia uma razão para os engenheiros assinarem projetos de arquitetura em certas zonas do país, porque havia poucos arquitetos. Todavia, atualmente esse problema não se coloca, porque há profissionais em abundância.

“É lamentável o que o meu país esta a fazer a todos nós arquitetos, sinto que estudei tantos anos em busca do nada… Se há seis anos atrás me dissessem que isto ia acontecer, talvez não tivesse feito uma licenciatura e um mestrado. Parece que já não basta os técnicos desenhistas tirarem-nos o trabalho… Agora, ainda vêm os engenheiros! Não percebo como podem aprovar tal coisa a um grupo restrito de engenheiros. Qual é o fundamento ou a avaliação que fazem para que aquele grupinho esteja apto?”

Vanessa – (Arquiteta)

 

 

(Fotos DR)

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