19-1=18… 18-1=17…

    À hora que escrevo, o “não” leva uma vantagem folgada em relação ao “sim” no referendo grego, relativamente às proposta para a resolução dos problemas de financiamento gregos. Independentemente do resultado final, os dias seguintes e o futuro dos gregos não se adivinham fáceis. Veremos como reagirão os temíveis mercados e que negociações […]

  • 11:54 | Segunda-feira, 06 de Julho de 2015
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À hora que escrevo, o “não” leva uma vantagem folgada em relação ao “sim” no referendo grego, relativamente às proposta para a resolução dos problemas de financiamento gregos.


Independentemente do resultado final, os dias seguintes e o futuro dos gregos não se adivinham fáceis. Veremos como reagirão os temíveis mercados e que negociações serão encetadas, se reatadas…

Para clarificar o meu anterior texto, não considero que Tsipras e Varoufakis sejam os únicos culpados pelo estado comatoso em que se encontra o berço da democracia. Os problemas têm raízes muito mais profundas e radicam nos abusos cometidos, ao longo de anos, pela elite política do centro-esquerda e do centro-direita.

Parece-me, contudo, que prometeram o que não podem cumprir e têm denotado uma atitude arrogante e pouco sensata durante as negociações, especialmente se considerarmos que são eles os que estão, independentemente das causas, de cócoras e de mão estendida.

Tenho presente a ideia, muito americanizada, de que não se negoceia com terroristas. O que pretende o ministro das finanças gregas, Yan Varoufakis, ao dizer, em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, que “o que fazem com a Grécia tem um nome: terrorismo”? É por esta e por outras razões que desconfio das intenções destes homens e do Syriza.

O meu desejo é, sem dúvida, que possa ser encontrada uma solução que termine com este impasse e a Grécia retome a normalidade, continuando a ser um dos 19 países que utilizam o euro como moeda comum, diariamente utilizada por cerca de 338,6 milhões de europeus.

A saída da Grécia não pode ser encarada apenas aritmeticamente. Se este cenário se vier a concretizar, pode estar a abrir-se a caixa de Pandora com consequências imprevisíveis para a zona euro. No radar ficarão imediatamente Portugal e Espanha…

Talvez o Presidente francês possa, nessa altura dizer, com a saída de Portugal o euro não vai fracassar porque deixa de haver 18 países e passa a haver 17…

Sabemos que o nosso presidente não é político, é um reputado economista, ficamos ainda mais seguros com a subtração que fez: 19 países da zona euro – 1 país da zona euro = 18 países da zona euro. Há um velho ditado popular que espero que não se aplique ao nosso país: “a semente da língua nasce até  numa lage”. Estamos bem entregues ao economista, mas sentimo-nos intranquilos com o presidente. Foi uma declaração infeliz que não dignifica o cargo que ocupa nem o nosso país. Esta demonstração de indiferença em nada contribui para um dos princípios basilares da União Europeia: a solidariedade (muito apregoada, mas pouco utilizada).

“O grande desafio do nosso mundo é a globalização da solidariedade e da fraternidade, em vez da globalização da discriminação e da indiferença”. Esta mensagem do Papa Francisco parece não estar a chegar aos receptores certos que teimam em não lhe dar ouvidos.

Entretanto, da Alemanha chega uma mensagem em reação à vitória do “não”: “Os gregos queimaram todas as pontes”.

Teremos, amanhã, um dia longo, difícil é com um desfecho imprevisível.

 

 

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Publicado em Opinião