Sátão – Quem protege a democracia destes políticos?

    Autarca, na sua origem, significa grosso modo o poder do próprio. No Sátão, o caso do “poder pessoal” quase ad perpetuam enraizado, alarga-se à família, ao clã, quase se tornando numa dinastia monárquica. Todos têm presente a rábula que correu nos meios de comunicação social nacionais, daquele autarca – presidente de Junta de […]

  • 13:23 | Quinta-feira, 24 de Agosto de 2017
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Autarca, na sua origem, significa grosso modo o poder do próprio.
No Sátão, o caso do “poder pessoal” quase ad perpetuam enraizado, alarga-se à família, ao clã, quase se tornando numa dinastia monárquica.
Todos têm presente a rábula que correu nos meios de comunicação social nacionais, daquele autarca – presidente de Junta de Freguesia – que e pela lei da limitação de mandatos se viu impedido de (re)concorrer ao cargo como cabeça de lista e, decerto constrangidíssimo por não continuar a exercer a sua altruísta missão de “regedor”, indigitou a cônjuge para ocupar o seu lugar, auto-relegando-se para condigno segundo.
A lei foi cumprida – escrupulosamente ou não – contornando-se uma norma legal muito restritiva, “chata” e obstativa da perpetuação nos cargos dos filantropos deste país.
A eventual “chico-espertice” – no pensar malévolo dos invejosos – tornou-se em anedotário nacional, mas surtiu efeito, decerto porque o acirrado espírito de servir a comunidade ecoou mais alto. Diríamos mais, ribombou altissonante.
O PSD, no Sátão, sofre do mesmo problema “endémico”. O actual presidente da Câmara, irmão do anteriormente referido presidente da Junta (o ADN não falha), atingiu a limitação legal de mandatos (12 anos). Perante essa perspectiva e numa lógica (?) de continuidade, tentou indigitar para cabeça de lista um obscuro familiar colateral. Sondadas as opiniões, o desiderato não colheu apoio geral favorável. Então, legitimamente, a estrutura partidária local optou por subir o nº 2 do cessante executivo a cabeça da lista do putativo executivo concorrente. Porém, decerto que o MEDO de perder o poder ditou um reforço (?) da lista e, a exemplo da estratégia fraterna, o nº 1, uma espécie de “calçadeira”, aparece agora como nº 2.
Complicado? Não. De uma simplicidade clara como a água…
E porquê? Pelo missionarismo quase jesuítico que este clã parece ter tão epidermicamente inculcado até ao mais íntimo e profundo recesso de seu ser.
Independentemente do resultado das autárquicas, ninguém imagina sequer que este nº 2 possa vir a posteriori a desistir do cargo de vereador da oposição ou de vice-presidente da Câmara do Sátão, dando lugar ao 3º, “inçando para cima” os “fundeiros” da lista, pois isso seria defraudar os eleitores, coisa que o referido NUNCA seria capaz de fazer.
Esta lógica de sobrevivência política e “alapanço” ao poder, pela qual os fins justificam quaisquer meios, só é reprovável para quem ainda tem ponta de pudor, resquício de pejo, dois dedos de vergonha. Ou para quem se rege por princípios ou códigos arredios da centenária ética republicana.
Ademais, passa um atestado de incompetência ao actual cabeça de lista, dando a entender que não terá “estaleca” para se afirmar de outra forma que não seja como parte integrante deste bizarro dueto.
E os eleitores que pensarão de toda esta estratégia política? Serão suficientemente néscios para se tornarem cúmplices destas alucinantes reviravoltas e com eles compactuarem?
 
(foto DR)

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